E quem ainda pode afirmar que a história familiar não tem influências sociais?
Tudo começa na infância. Tudo, certamente tudo, tem uma grande significação para a criança.
Toda criança, em seu desenvolvimento, tem a mente aberta ao aprendizado. E é nesse ponto que as questões começam pesar. Se essa criança vive em um lar estruturado, ambiente saudável, poderá desenvolver seu maior potencial e tornar-se um adulto íntegro, de bom caráter, seguro, disposto a encarar todas as situações da vida da forma mais tranqüila.
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Lindor nasceu e seu pai morreu, tinha apenas 1 mês de vida.
Sua mãe, uma senhora respeitadíssima, mais puritana impossível.
Entre os 10 a 12 anos de idade Lindor sofreu abusos físicos e sexuais de um menino que era seu vizinho. Acabou se acostumando à situação.
Lindor cresceu e tornou-se um cidadão respeitável. Aparentemente uma pessoa normal.
Ninguém, absolutamente ninguém, sabe o que se passa na mente de Lindor. Seus pensamentos são obsessivos. Os desejos, uma tormenta.
Lindor adora meninos de 10 a 12 anos. Tem uma fixação total por meninos nessa faixa etária.
Homens adultos não o atraem. Mulheres? Sente nojo, repulsa. Lembra de sua mãe. Aquela senhora casta, íntegra aos olhos de todos, vivia promiscuamente com todo tipo de homem. E ele, Lindor, assistia aos espetáculos caseiros de orgias. Por muitas vezes acabava sendo espancado a cabo de vassoura pela mãe ou algum destes “cavalheiros” que a pagava por seus serviços.
Assim tinha ele crescido. Essa era a imagem feminina estampada em sua mente.
E Lindor convive com sua obsessão por garotos. Sobrevive de desejos, fantasias e atos.
Não pode ver um garoto dessa idade que já começa transpirar. Sua respiração ofegante, peito apertado, coração disparado. E o desejo o leva à ação. Não resiste. Sente a atração, como um grande imã. E volta aos seus 12 anos.
Sente-se um monstro? Sim. Sabe que seus desejos são inaceitáveis, antes mesmo que a sociedade o condene.
É feliz? Não. Vive sozinho, isolado, retraído. Vive à espreita, à espera, como o caçador na expectativa de abater sua caça.
Sente-se frustrado? Sem dúvida. Seu semblante denota.
Queria morrer? Sim, ele queria morrer. Queria recomeçar. Queria a oportunidade de ter uma família normal em sua infância. Queria poder casar e ter filhos. Queria abraçar e beijar seus filhos, com o verdadeiro afeto, sem o desejo que sente na pele.
Lindor apenas sobrevive. Não sabe o que lhe aguarda.
Os pensamentos confundem desejos e fantasias.
Chora e ri. Nem sabe o que sente.
Diz: “Eu queria apenas não ser quem sou”