Todo ser humano busca o auto-conhecimento, mesmo que diga ou pense o contrário. Nem sempre é um processo fácil e, muitas vezes, os trilhos tornam-se difíceis e penosos, com vários caminhos a escolher. Contudo, é imprescindível que ocorram as tentativas, a fim que se amadureça. Através de sentimentos e suas emoções manifestas, caminha o ser humano, sempre em busca de algo, que lhe causa inquietação, sem saber bem o porquê. Stuka Angyali
domingo, 10 de maio de 2015
Esse ser Mãe
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Arte Emocional
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Nos leves dedos que me vão pintando!
quarta-feira, 7 de julho de 2010
"Vai, poeta...rompe os ares"
Veio parar num jardim.
Aí fitando uma rosa,
Sua voz triste e saudosa,
Pôs-se a improvisar assim.
Ó Sultana favorita
Deste serralho de azul:
Flor que vives num palácio,
Como as princesas de Lácio,
Como as filhas de 'Stambul.
Corno és feliz! Quanto eu dera
Pela eterna primavera
Que o teu castelo contém...
Sob o cristal abrigada,
Tu nem sentes a geada
Que passa raivosa além.
Junto às estátuas de pedra
Tua vida cresce, medra,
Ao fumo dos narguillés,
No largo vaso da China
Da porcelana mais fina
Que vem do Império Chinês.
O Inverno ladra na rua,
Enquanto adormeces nua
Na estufa até de manhã.
Por escrava - tens a aragem
O sol - é teu louro pajem.
Tu és dele - a castelã.
Enquanto que eu desgraçado,
Pelas chuvas ensopado,
Levo o tempo a viajar,
- Boêmio da média idade,
Vou do castelo à cidade,
Vou do mosteiro ao solar!
Meu capote roto e pobre
Mal os meus ombros encobre
Quanto à gorra... tu bem vês! ...
Ai! meu Deus! se Rosa fora
Como eu zombaria agora
Dos louros dos menestréis!. . .
Então por entre a folhagem
Ao passarinho selvagem
A rosa assim respondeu:
"Cala-te, bardo dos bosques!
Ai! não troques os quiosques
Pela cúpula do céu.
Tu não sabes que delírios
Sofrem as rosas e os lírios
Nesta dourada prisão.
Sem falar com as violetas.
Sem beijar as borboletas,
Sem as auras do sertão.
Molha-te a fria geada...
Que importa? A loura alvorada
Virá beijar-te amanhã.
Poeta, romperás logo,
A cada beijo de fogo,
Na cantilena louçã.
Mas eu?! Nas salas brilhantes
Entre as tranças deslumbrantes
A virgem me enlaçará
Depois cadáver de rosa
A valsa vertiginosa
Por sobre mim rolará.
Vai, Poeta... Rompe os ares
Cruza a serra, o vale, os mares
Deus ao chão não te amarrou!
Eu calo-me - tu descansas,
Eu rojo - tu te levantas,
Tu és livre - escrava eu sou! ...
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Obscuro da Alma
No escuro íntimo
Seu maior inimigo
Você
Aquele que sabe tudo
Aquele que te denuncia
Aquele que te acusa
Aquele que te satisfaz os desejos
Você
Alma encarcerada nesta carcaça
Alma aprendiz
Aprendes?
Luta em confusões
De sentimentos
De emoções
E vive a tormenta
Quem sabe
Um dia te reconhecerás
E soltarás as amarras
Dessa veste chamada corpo"
domingo, 27 de setembro de 2009
Inquietanças
Não chames, não perguntes, ninguém responderá,
nada pode abri-la,
nem a gazua da curiosidade
nem a pequena chave da razão
nem o martelo da impaciência.
Não fales, não perguntes,
aproxima-te, encosta a orelha:
- não ouves a respiração?
Lá do outro lado,
como tu alguém pergunta:
- que há atrás dessa porta?"
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Esta Velha

"Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...
Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.
Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?
Estala, coração de vidro pintado!"
Álvaro de Campos
domingo, 10 de maio de 2009
Para sempre

"Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba,
veludo escondido na pele enrugada,
água pura, ar puro,puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,é eternidade.
Por que Deus se lembra- mistério profundo -de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino feito grão de milho"