Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de maio de 2015

Esse ser Mãe

Ser Mãe

Momentos inesquecíveis
Emoções imensuráveis
Sentimentos incomparáveis
Impregnados na alma

Ser mãe

Doação definitiva
Amor incondicional
Coração que pulsa
Fora do peito
Em amor desmedido
Atemporal

Ser mãe

Amor, carinho, preocupação
Vidas entrelaçadas
Interligadas
De forma definitiva e total

Ser mãe

Indescritível
Indecifrável
Poder concedido
Somente a esse ser especial

Ser mãe

Simplesmente assim...
Dom da vida


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Arte Emocional

A lira, instrumento musical de cordas, foi bastante utilizada pelos gregos para acompanhar versos poéticos de forma melodiosa.
Desde o século IV a.C os poemas pequenos, através dos quais os poetas manifestavam sentimentos, tornaram-se conhecidos como poesias líricas, graças à melodia das liras.
Assim, observa-se que o lirismo está associado diretamente à sonoridade da música e do canto. Na literatura é possível notar que as poesias líricas apresentam uma sonoridade peculiar, propiciando ao leitor SENTIMENTOS e EMOÇÕES de forma maravilhosa.
Na música lírica também é assim, manifestando emoções irrefreáveis. É a tônica do lirismo, que poderia ser designado como a ARTE EMOCIONAL.
O lírico pode ser um excelente representativo de estado de ALMA, simbolizando o “eu” e suas experiências e expectativas diante da vida.
Enfim, quem vive a intensidade dos sentimentos consegue identificar-se com as poesias e músicas líricas.
Deleite-se nos versos abaixo e, depois, permita-se viajar na melodia da música.

 Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mário Quintana




quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Vai, poeta...rompe os ares"

Era num dia sombrio.....


Quando um pássaro erradio

Veio parar num jardim.

Aí fitando uma rosa,

Sua voz triste e saudosa,

Pôs-se a improvisar assim.
"ó Rosa, ó Rosa bonita!

Ó Sultana favorita

Deste serralho de azul:

Flor que vives num palácio,

Como as princesas de Lácio,

Como as filhas de 'Stambul.



Corno és feliz! Quanto eu dera

Pela eterna primavera

Que o teu castelo contém...

Sob o cristal abrigada,

Tu nem sentes a geada

Que passa raivosa além.



Junto às estátuas de pedra

Tua vida cresce, medra,

Ao fumo dos narguillés,

No largo vaso da China

Da porcelana mais fina

Que vem do Império Chinês.



O Inverno ladra na rua,

Enquanto adormeces nua

Na estufa até de manhã.

Por escrava - tens a aragem

O sol - é teu louro pajem.

Tu és dele - a castelã.



Enquanto que eu desgraçado,

Pelas chuvas ensopado,

Levo o tempo a viajar,

- Boêmio da média idade,

Vou do castelo à cidade,

Vou do mosteiro ao solar!



Meu capote roto e pobre

Mal os meus ombros encobre

Quanto à gorra... tu bem vês! ...

Ai! meu Deus! se Rosa fora

Como eu zombaria agora

Dos louros dos menestréis!. . .


Então por entre a folhagem

Ao passarinho selvagem

A rosa assim respondeu:

"Cala-te, bardo dos bosques!

Ai! não troques os quiosques

Pela cúpula do céu.



Tu não sabes que delírios

Sofrem as rosas e os lírios

Nesta dourada prisão.

Sem falar com as violetas.

Sem beijar as borboletas,

Sem as auras do sertão.



Molha-te a fria geada...

Que importa? A loura alvorada

Virá beijar-te amanhã.

Poeta, romperás logo,

A cada beijo de fogo,

Na cantilena louçã.



Mas eu?! Nas salas brilhantes

Entre as tranças deslumbrantes

A virgem me enlaçará

Depois cadáver de rosa

A valsa vertiginosa

Por sobre mim rolará.



Vai, Poeta... Rompe os ares

Cruza a serra, o vale, os mares

Deus ao chão não te amarrou!

Eu calo-me - tu descansas,

Eu rojo - tu te levantas,

Tu és livre - escrava eu sou! ...


Fábula: O pássaro e a flor - Os escravos
Castro Alves

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Obscuro da Alma



"Obscuro
No escuro íntimo
Seu maior inimigo
Você

 
Aquele que sabe tudo
Aquele que te denuncia
Aquele que te acusa
Aquele que te satisfaz os desejos

 
Você
Alma encarcerada nesta carcaça
Alma aprendiz
Aprendes?

 
Luta em confusões
De sentimentos
De emoções
E vive a tormenta

 
Quem sabe
Um dia te reconhecerás
E soltarás as amarras
Dessa veste chamada corpo
"



domingo, 27 de setembro de 2009

Inquietanças



"Que há atrás dessa porta?
Não chames, não perguntes, ninguém responderá,
nada pode abri-la,
nem a gazua da curiosidade
nem a pequena chave da razão
nem o martelo da impaciência.
Não fales, não perguntes,
aproxima-te, encosta a orelha:
- não ouves a respiração?
Lá do outro lado,
como tu alguém pergunta:
- que há atrás dessa porta?"


Octávio Paz -- 'Antologia Poética'

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Esta Velha

Fernando Pessoa e heterônimos

"Esta velha angústia,

Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!"

Álvaro de Campos

domingo, 10 de maio de 2009

Para sempre


"Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba,
veludo escondido na pele enrugada,
água pura, ar puro,puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,é eternidade.
Por que Deus se lembra- mistério profundo -de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino feito grão de milho"

Carlos Drummond de Andrade