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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A difícil arte de amar e do desprendimento



Ela surgiu! Tão magra e doente. Vivia nas ruas, passando fome, frio e medo.
Seu nome era “Marela”, chamada assim de forma cabocla, porque era loura como um bom alemão.
Mas foi batizada BIA, tão logo chegara ao nosso convívio.
No começo era assustada e nervosa. Comia desesperadamente ( pois já passara muita fome em tão pouco tempo de vida ).
Mas Bia foi se acostumando com o tempo. Sabia que nesse lar teria seu alimento no momento certo, assim como água limpa e fresca. Sabia que não seria chutada ou mal tratada. Sabia que teria um cantinho quente e protegido do frio e da chuva.
Bia engordou, ficou bonita e alegre.
Arrumou um namorado e tiveram filhos.
Passou a viver em família de iguais. Ela, seu namorado e seus três filhos. Uma família feliz!
Que lindo ver como se amam e se respeitam. Que lindo ver os cuidados de Bia com seus filhos.
Que lindo ver como todos são unidos.
O tempo passou, os filhos cresceram. Bia e seu namorado envelheceram. Mas todos vivem juntos.
Bia, apesar de seu histórico de vida sofrida, sempre foi uma menina muito vivaz, alegre e pronta para tudo. Sempre alerta!!
Mas, então, um dia Bia adoeceu. Estava com câncer de mama e teve que fazer uma cirurgia às pressas.  O câncer...extremamente agressivo.
Passaram-se três meses, e quando tudo parecia resolvido....Bia tinha câncer na outra mama.
Novamente teve que se submeter a uma cirurgia de mastectomia, embora já se soubesse que o prognóstico não seria bom.
De fato, após a segunda cirurgia Bia já não foi mais a mesma. Aos poucos seu corpo foi sofrendo o impacto devastador da doença. Pernas inchadas, apática e tosse rouca ( provavelmente fruto de metástase pulmonar).
Bia foi, rapidamente, perdendo sua vivacidade e o brilho no olhar. Tornou-se uma sombra do que um dia fora.
Aquela “moleca” tão saltitante e ativa nunca mais correu. Passou a vagar lenta e dolorosamente pelo quintal, quase como a aguardar seu próprio destino.
Então, chega aquele momento. Aquele triste momento em que é preciso tomar difíceis decisões. Aquele momento através do qual aprendemos um pouquinho mais a nos desprendermos do amor, da presença física e pensarmos além, tentando imaginar o que vem depois que cumprimos essa etapa.
Tornou-se penoso demais ver seu sofrimento crescente e sua expressão de desconforto com as dores, mesmo que jamais tenha emitido qualquer som ou choro que acusasse o que sentia.
Nossas escolhas, por mais difíceis que sejam, devem ser tomadas à medida que sejam avaliadas como acertadas, ou próximas ao melhor caminho a trilhar.
Assim, trilhamos esse caminho. Hoje decidimos que precisava um basta. Bia não precisava mais sofrer, por mais que a amássemos ou sua presença nos fizesse felizes.
Hoje interrompemos suas dores. Hoje BIA, nossa querida Boa e Incrível Amiga cadela teve que ser sacrificada.
Não foi fácil, assim como não é relembrar. Mas ela não sofreu naquele momento. Apenas dormiu.....
Dormiu sem sentir dores...nunca mais.
Sei que os anos que conviveu conosco foram os melhores de sua vida. Foi uma troca de afeto e dedicação.
Creio que, nesse momento, talvez esteja correndo por lindos e extensos campos verdejantes em um paraíso, que ainda desconhecemos.
Lá não sentirá dor outra vez.
Lá vai saltar e abanar seu rabo, cheia de alegria.
Fique com Deus querida.

Sentiremos sua falta.....
"Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos  de status não significam nada para ele. Um graveto já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa." ( Marley e Eu ) 




Porque amar os animais?

Porque eles dão tudo sem pedir nada.
Porque eles não tem o poder ... o homem que tem armas ... eles são indefesos.
Porque eles são eternas crianças, porque não sabem do ódio e da guerra ....
Porque eles não conhecem o dinheiro e se conformam apenas com um teto para abrigarem-se do frio
Porque não precisam de palavras para entender, porque o seu olhar é puro como sua alma.
Eles não sabem de inveja ou o ressentimento, porque o perdão é algo natural a eles.
Porque eles sabem amar com lealdade e fidelidade.
Eles dão a vida sem ter que ir a uma clínica de luxo.
Porque não compram amor, esperança mas simplesmente porque eles são nossos companheiros amigos e nunca nos trairão.
E porque eles estão vivos.
Por essa e mil outras coisas ... eles merecem o nosso amor ...!
Se nós aprendemos a amá-los como eles merecem ... estaremos mais perto de Deus.

( Madre Teresa de Calcutá )