Convenhamos, com lucidez, que ninguém é dono de nada, nem de ninguém. A posse de bens materiais é
temporária, fugaz. Da mesma forma a convivência com alguém querido também é muito passageira. Num instante, estamos separados por motivos de origem variada.
Aliás, cada um de nós terá que construir, individualmente, embora no aprendizado da convivência comum e coletiva, a própria segurança interior. A vida é sábia e coloca-nos neste patamar de aprendizado e aprimoramento. Mas não somos donos de nada. Tudo que julgamos possuir, na verdade, nos é cedido por um determinado tempo.
Esta visão abrangente deveria livrar-nos dos prejuízos decorrentes da paixão e do apego. Ambos costumam nos causar cegueira diante das situações. Mas face à fragilidade que todos carregamos, somada na maioria das vezes pela imaturidade emocional ou psicológica, e pela alta dose de egoísmo que ainda caracteriza o comportamento humano, vamos dando nossas “trombadas” que causam sofrimentos, a nós e outrem.
Referido sentimento, o egoísmo, ilude-nos a consciência. Passamos a nos sentir donos de bens materiais
e de pessoas, como se pudéssemos dominar alguém. É óbvio que, em muitas situações e circunstâncias, até exercemos algum domínio sobre pessoas. Mas isso será sempre ilusório e prejudicial, pois a liberdade é atributo inviolável de qualquer pessoa e, cedo ou tarde, toda imposição redundará em graves e severos prejuízos.