Van Gogh
Cuidando da Saúde Mental
“minh ’alma é triste como a flor que morre. Perdida à beira do riacho ingrato; nem beijos dá-lhe a viração que corre. Nem doce canto o sabiá do mato.” ( Casimiro de Abreu )
DEPRESSÃO: O Mal do Século?
A tristeza é dos sentimentos humanos o mais doloroso. Todos tomamos contato com ela em algum momento de nossas vidas. A tristeza passageira, a “fossa” ou “baixo-astral”, o “estar-down” fazem parte da vida e são superados após algum tempo. O luto, após a perda de um ente querido, manifesta-se por um sentimento de tristeza e vazio e também é superado no decorrer do tempo. Porém, deve-se distinguir a tristeza e o luto ( sentimentos inerentes ao ser humano ) da DEPRESSÃO.
A DEPRESSÃO é uma doença, como qualquer outra que possamos ter, que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, sem qualquer motivo aparente, e não apenas a sensação de tristeza passageira, com perda do interesse por tudo que trazia prazer a essa pessoa.
Historicamente, há relatos seculares sobre a depressão, como na ILÍADA DE HOMERO, em que o suicídio de Ájax foi decorrente de um quadro depressivo. Também no Antigo Testamento é possível ver uma transcrição de quadro depressivo ocorrido com o Rei Saul.
É uma doença bastante comum, sendo que todo ano, uma em cada vinte pessoas apresenta depressão, e, ao longo da vida, as chances de alguém ter depressão são de 15%. Manifesta-se mais frequentemente no adulto, embora possa ocorrer em qualquer faixa de idade, da criança ao idoso, e mais frequentemente nas mulheres do que em homens ( duas vezes mais ).
As causas da depressão são muito discutidas, sendo consideradas desde orgânicas, psicológicas a sócio-ambientais. Sabe-se que a genética ( hereditariedade ) é um fator preponderante e associada a um fator estressante ambiental pode colaborar para o desencadeamento. Mas o que se tem observado é a ocorrência, muitas vezes, em pessoas que não apresentam história familiar ou fatores estressantes.
Sente-se uma tristeza intensa, que não consegue vencer. Pode achar que é uma “fraqueza de caráter” e sentir vergonha de pedir ajuda. Os principais sintomas da depressão são: tristeza profunda e duradoura, perda de interesse e prazer por atividades antes apreciadas, falta de energia, sentimento de vazio, desânimo, pensamentos negativos e pessimistas. Além destes, é comum insônia, perda do apetite, ansiedade e queixas físicas vagas (dor de cabeça e no estômago, dores musculares). Mas há variantes da depressão, nem sempre se apresentando tão facilmente diagnosticada. Por isso, a importância de procurar um psiquiatra, que é o médico especialista.
O tratamento da depressão é realizado com medicações antidepressivas, podendo haver associação de outras medicações, podendo, muitas vezes, ser associado o tratamento psicoterápico. As medicações antidepressivas permitem a recuperação gradual da depressão (em geral em algumas semanas), além de proteger a pessoa de novas crises. Por isto, muitas pessoas precisam tomá-los por um longo período de tempo e às vezes por toda a vida.
Enfim, é muito importante não sentir medo ou vergonha de procurar ajuda profissional quando perceber que algo está errado, já que os medicamentos podem demorar algum tempo para agir em sua maior eficácia, e quanto antes feito o tratamento, maiores são as chances de melhorar rapidamente, sem muitos prejuízos. As pessoas sem tratamento tendem a ter episódios depressivos mais longos e graves, com tendência a se cronificar. Não se pode desanimar, principalmente no início do tratamento, e o apoio e compreensão dos familiares são imprescindíveis e fundamentais.