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sábado, 26 de novembro de 2011

O medo das diferenças

“... Lekh me entregava um pássaro pintado, mandando que eu o apertasse de leve nas mãos. Cedo seus gritos atraíam companheiros da mesma espécie, que se punham a revoar sobre nossas cabeças. Vendo-os, o prisioneiro debatia-se gritando ainda mais; e o coração trancado no peito recém pintado batia violentamente. Quando o número de pássaros era suficiente, Lekh fazia-me sinal para soltar o prisioneiro. Livre e feliz, lançava-se para o alto, contra o céu cinzento, mergulhando na revoada escura de seus irmãos.
Por um instante, a surpresa tolhia os pássaros. A mancha colorida voava em meio ao bando, tentando convencê-los de que lhe pertencia. Mas, confundidos pela plumagem brilhante, os outros o rodeavam incrédulos e quanto mais o pássaro pintado tentasse incorporar-se ao bando, mais o rejeitavam. Logo, um depois o outro, começavam a atacá-lo arrancando-lhe as penas multicores, até fazer-lhe perder as forças precipitando-o ao chão.
Esses incidentes aconteciam com freqüência, e, geralmente, quando eles recolhiam o pássaro pintado, já estava morto.”

trecho do livro "O Pássaro Pintado", de Jerzy Kosisnki.

O que é diferente causa mais.......
........ medo ou repulsa?

Esse fragmento de texto do livro de Kosinski é bastante representativo.
Agora vejamos esse pequenino cartum:
O TEXTO ACIMA E ESSE CARTUM FORAM AQUI COLOCADOS APENAS PARA LEVANTAR QUESTIONAMENTOS.

PORQUE IMAGINAR QUE ALGUÉM QUE SOFRE DE TRANSTORNOS MENTAIS É BURRO???

PORQUE IMAGINAR QUE ESSAS PESSOAS SÃO FRACAS, COVARDES OU SEM CARÁTER??

O ser humano pode adoecer fisicamente. Mas também mentalmente !! E ninguém está imune.

VAMOS COMEÇAR A ROMPER ESSA BARREIRA PRECONCEITUOSA, DISCRIMINADORA E ESTIGMATIZANTE

O que você pode fazer?
1. Cuidado com as palavras que você usa: "Louco", "maluco", "psicopata", são palavras que ferem. Pense muito antes de dar adjetivos.
2. Ajudem a conscientizar os outros de como nossas palavras e atitudes machucam. Não ria de piadas cruéis. Faça com que os outros saibam que a ignorância dói.
3. Ajudem pessoas que possam estar sofrendo dos sintomas iniciais de uma doença mental.
4. Tente compreender e conhecer a respeito destas doenças.

Somente quem experimentou um adoecimento mental é capaz de saber a dor que se sente

E para finalizar, se você gosta de música, vale a pena ver o vídeo.



sábado, 5 de novembro de 2011

Identidades engessadas

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
Clarice Lispector
Quantas vezes por dia é capaz de permitir o auto questionamento?
Consegue estabelecer um diálogo interno?
Ou se sente completamente dono de toda razão ou princípio?
Conhecer ou reconhecer a própria identidade é um exercício que exige honestidade e mente flexível.
Mas entenda-se que um diálogo interior não pode submeter-se à enxurrada de pensamentos que, invariavelmente, invadem a mente.
Reserve poucos minutos de cada dia para que possa silenciar sua mente. Isso é importantíssimo, afinal uma mente conturbada e inundada em pensamentos pode irromper emoções angustiantes.
À medida que você consegue coordenar esse processo mental, será capaz de quebrar paradigmas e ganha a oportunidade de novos aprendizados e idéias.
Obviamente, nem sempre é fácil esse desengessamento mental e emocional. Mas tudo que nos propusermos a realizar, insistindo como prática cotidiana, torna-se facilmente realizável.

sábado, 5 de junho de 2010

Quanto tempo?

Hoje, 05 de Junho, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. 
A data foi instituída pela Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em 1972, época em que os problemas ambientais não tinham o impacto que têm hoje. 


Com esse desastre ambiental que acomete a região do Golfo do México, exterminando toda a fauna e flora local, acabando com o ecossistema da região através da maré negra, deve ser feito o seguinte questionamento:

Quanto tempo ainda vai levar para o ser humano acabar com todo o planeta?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Íntimos caminhos


"Somos quem não somos e a vida é pronta e triste. Quantos somos! Quantos nos enganamos! Que mares soam em nós... pelas praias que nos sentimos nos alagamentos da emoção!...Quem sabe sequer o que pensa ou o que deseja? Quem sabe o que é para si - mesmo?" (fragmento de LIVRO DO DESASSOSSEGO -1914- BERNARDO SOARES)



Bernardo Soares foi um tipo particular dentre os heterônimos do enigmático e extraordinário poeta português Fernando Pessoa. O que interessa na prosa fragmentária que Bernardo Soares desenvolve é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona, à beira do tédio, do trágico. Por essa razão, diversos fragmentos do livro são investigações íntimas das sensações provocadas pelo anonimato, pela cotidianeidade e todo o pragmatismo da vida comum. Estudiosos discutem por que Fernando Pessoa teria criado seus heterônimos. Seria esquizofrenia? Psicografia? Uma forma de expôr seus sentimentos? Distúrbio de Personalidade? De certo, sabemos que sua genialidade é grande demais para caber em um só poeta. Mas quero aproveitar  este pensamento, também "desassossegado", e questionar:

O que move o Homem? 
Qual sua razão existencial?
Qual o motor propulsor de sua vida?

Em geral colocamos no rosto uma máscara e somos outro aos olhos de quem nos olha. Mas, de súbito descobrimos que, por trás da máscara, não sabemos quem somos. Você, por algum momento, já refletiu sobre a sua importância? Quem é você? Ou prefere simplesmente viver, confortavelmente, sem questionamentos, nessa vida de gado (ouça a música “admirável gado novo”, de Zé Ramalho). Fazendo uma analogia à Mitologia da caverna, de Platão, você imagina-se conhecedor de tudo, enquanto, na verdade, busca conhecer minuciosamente cada parte (por menor que seja) de “sua caverna”, sem jamais vislumbrar seu exterior. Quando você passa a questionar, imaginam-no um excêntrico, um idiossincrático, um extravagante, quando não um rematado louco (destino comum à maior parte dos cientistas, inventores, e demais revolucionários do pensamento que, ao longo da história, ousaram ir além, ultrapassar os limites mesmo pagando alto preço pelo que a sociedade considera loucura).
Talvez a melhor tática seja se fazer criança. Afinal não é nada mal fazer perguntas. Muito pelo contrário, crianças costumam fazer muitas perguntas construtivas, profundas, que demonstram o quanto estão interessadas no assunto. Mostram que pensam por si mesmas, que não têm medo de desafiar velhos conceitos, velhos sistemas de crenças, antigos mitos, e que estão prontas para penetrar em territórios novos, avançar para novas fronteiras.



Parafraseando Fernando Pessoa: “não sei o que o amanhã trará, mas sei que posso e devo tentar fazê-lo diferente de tudo que poderia ser."

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fazer diferente.......


 O Nariz


Era um dentista, respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se à mesa do almoço – sempre almoçava em casa – com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.
- O que é isso? – perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.
- Isso o quê?
- Esse nariz.
- Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.
- Logo você, papai...
Depois do almoço, ele foi recostar-se no sofá da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou-se.
- Tire esse negócio.
- Por quê?
- Brincadeira tem hora.
- Mas isto não é brincadeira.
Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou-se e dirigiu-se para a porta. A mulher o interpelou.
- Aonde é que você vai?
- Como, aonde é que eu vou? Vou voltar para o consultório.
- Mas com esse nariz?
- Eu não compreendo você – disse ele, olhando-a com censura através dos aros sem lentes. – Se fosse uma gravata nova você não diria nada. Só porque é um nariz...
- Pense nos vizinhos. Pense nos cliente.
Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (“Logo o senhor, doutor...”) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório com dúvidas.
- Ele enlouqueceu?
- Não sei – respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. – Nunca vi ele assim. Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz postiço e foi se deitar.
- Você vai usar esse nariz na cama? – perguntou a mulher.
- Vou. Aliás, não vou mais tirar esse nariz.
- Mas, por quê?
- Por quê não?
Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.

- Papai...
- Sim, minha filha.
- Podemos conversar?
- Claro que podemos.
- É sobre esse nariz...
- O meu nariz outra vez? Mas vocês só pensam nisso?
- Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra um homem como você resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?
- O nariz é meu e vou continuar a usar.
- Mas, por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamãe não tem mais vida social.
- Não tem porque não quer...
- Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?
- Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.
- Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?
- Se não faz diferença, porque não usar?
- Mas, mas...
- Minha filha...
- Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!

A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço. Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.
- Você vai concordar – disse o psiquiatra, depois de concluir que não havia nada de errado com ele – que seu comportamento é um pouco estranho...
- Estranho é o comportamento dos outros! – disse ele. – Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um ótimo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, sócio do Fluminense, tudo como era antes.
- Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?
- É... – disse o psiquiatra. – Talvez você tenha razão... 



O que é que você acha, leitor? Ele tem razão? Seja como for, não se entregou. Continua a usar nariz postiço. 

Porque agora não é mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios.


Luís Fernando Veríssimo

domingo, 27 de setembro de 2009

Inquietanças



"Que há atrás dessa porta?
Não chames, não perguntes, ninguém responderá,
nada pode abri-la,
nem a gazua da curiosidade
nem a pequena chave da razão
nem o martelo da impaciência.
Não fales, não perguntes,
aproxima-te, encosta a orelha:
- não ouves a respiração?
Lá do outro lado,
como tu alguém pergunta:
- que há atrás dessa porta?"


Octávio Paz -- 'Antologia Poética'

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A importância da saúde mental


Não há Saúde sem Saúde Mental
Adoecer psiquicamente não é prerrogativa da
modernidade. É tão humano quanto nascer ou
morrer, ter diabetes, hipertensão arterial,
hemorragia.
Adoecer faz parte da condição humana.

Quando alguém adoece, é natural que receba afeto, simpatia e compreensão para superar o problema. O mesmo não acontece quando essa pessoa adoece por um transtorno mental. A doença, nesse caso, pode ser interpretada como sinal de fraqueza, de autoflagelo, de covardia. Guardada a devida distância, é uma reação semelhante a que os romanos manifestavam em relação aos portadores de lepra - uma condição considerada degradante, dolorosa e contagiante.
Melhor evitá-los, colocando-os em lugares bem longe das cidades, confinados. Foi essa a lógica que levou à criação dos asilos para os desvalidos na França, na Inglaterra e no Brasil, a partir do final do século XVIII.
Adoecer psiquicamente não é prerrogativa da modernidade. É tão humano quanto nascer ou morrer. Não há civilização conhecida, mesmo as mais primitivas e idealizadas, sem registro da existência de transtornos mentais como os descritos nos manuais nosológicos atuais.
O transtorno mental não escolhe nem cor de pele nem classe social. Dom João VI teve problemas com a mãe e nosso imperador Dom Pedro II, culto e admirado, deve ter sofrido mais com a doença do filho do que com a abdicação do trono aos republicanos. Quantos reis e rainhas fazem parte dessa lista? Quantos artistas consagrados conseguiram realizar grandes obras apesar de seus tormentos? Que sofrimentos não experimentaram Van Gogh, Virginia Woolf e Vladimir Maiakovski?
Estou tentando me lembrar de uma só família que tenha passado incólume por essa marca.
Como convencer as pessoas de que adoecer mentalmente é tão normal quanto ter hipertensão arterial, ou diabetes, ou hemorragia?
Em outubro do ano passado, a tradicional publicação britânica The Lancet, por obra de seu jovem e instigante editor, Richard Horton, decidiu abraçar a causa dos transtornos me n t a i s.
Foi criado um comitê executivo internacional encarregado de assessorar governos, políticos e organizações não-governamentais, bem como usuários dos serviços e seus familiares, no planejamento da ampliação do financiamento e dos recursos assistenciais comunitários efetivos, para reduzir o hiato existente entre a demanda e a disponibilidade de serviços para o cuidado da saúde mental no planeta, contemplando a proteção dos direitos humanos.
A iniciativa do Lancet, evocada pela presença marcante de Vikram Patel, Martin Prince e Shekhar Saxena, foi reforçada por um movimento intitulado Global Mental Health Movement, que está lançando chamado para uma ação global pela ampliação dos serviços de saúde mental. No dia 10 de outubro, dia mundial da Saúde Mental, a OMS lançou um programa semelhante em Genebra. O novo programa, de iniciativa da OMS, e outras ações para aprimorar a atenção aos portadores de transtornos mentais estão em andamento em vários países do mundo. A meta é que todo desvalido e marginalizado tenha seus direitos contemplados, que todo sujeito com problema, independente de cor, classe e diagnóstico, tenha o direito à liberdade, respeito e dignidade, que faça dele um semelhante apenas diferente. Todos os que quiserem participar do movimento do Global Mental Health devem acessar o site para se cadastrar, para ter acesso a vários artigos e documentos relacionados com a expansão de serviços de saúde mental em países de baixa e média renda per capita.
Adoecer de um transtorno mental é tão natural quanto os dizeres do verso do poeta Caetano Veloso, "de perto ninguém é normal".
A estimativa é de que 25% da nossa população adulta irão exigir algum tipo de cuidado de saúde mental no espaço de um ano. A magnitude dessa realidade provoca um enorme descompasso entre demanda e disponibilidadede serviços, mesmo nos países desenvolvidos. O que dizer desse desequilíbrio nos países mais pobres?
No Brasil, aquela mãe que corre de um lado para outro com seu filho nos braços, em busca de tratamento, sabe o que é esse descompasso. Nos últimos anos, vimos uma redução substancial dos leitos psiquiátricos no país e a introdução progressiva dos novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Vários pacientes saíram da situação de confinamento e voltaram para casa. Alguns poucos o fizeram contando com o recurso previdenciário do governo, muitas vezes o único fornecido para aquela família. Estes recuperaram a dignidade e a cidadania. Vários, porém, perderam o contato com os parentes e permaneceram na situação asilar, muitas vezes em condições precárias e desumanas. Os profissionais brigam entre si. Alguns defendem os hospitais, outros o atendimento comunitário. O paciente fica no meio, à mercê da disputa.

O que mais importa, na verdade, é que as alternativas de tratamento, em hospitais ou em CAPS, sejam humanizadas e condignas e efetivas, ou seja, compostas, de fato, de uma terapêutica especializada e de padrão internacional. São vários os tratamentos disponíveis: medicamentosos, psicoterápicos e psicossociais, muitos com eficácia comprovada.
Há meios de se distinguir os que funcionam dos que nada adiantam. Há muitos casos em que não adianta atender somente a situação de crise. Pode ser preciso estender o tratamento por toda a vida. É enorme o impacto de um tratamento bem escolhido na vida do sujeito e de seus familiares, tanto do ponto vista da qualidade de vida quanto do ponto de vista econômico.
Ah! Mas o tratamento escraviza, deixa a vítima dependente da pílula, dirão os críticos do uso continuado, por exemplo, de medicação psicotrópica. Sou defensor da interpretação antagônica: o tratamento liberta, deixa o sujeito em condição de respirar, de criar e até mesmo de sorrir e sonhar.
O sistema de saúde mental atual tem muito para melhorar e aprimorar. Carece de articulação entre os diferentes níveis de atenção (Programa Saúde da Família - PSF, ambulatórios, CAPS, leitos para internação de casos agudos, leitos para internações mais prolongadas), além de distribuição mais homogênea de profissionais bem treinados entre as diversas regiões geográficas. A análise de todos os serviços e recursos humanos disponíveis, por regiões do país, realizada por um grupo de trabalho, recentemente, indicou várias recomendações a serem implementadas .
Uma questão importante é a expansão do número de leitos psiquiátricos em unidades do hospital geral. A internação psiquiátrica requer vários exames médicos e, quando realizada no âmbito do hospital geral, tende a ser de curta duração. Receber pessoas com transtornos mentais em enfermarias de hospitais clínicos auxiliaria a reduzir o estigma enfrentado pelos pacientes e por seus familiares. O Hospital São Paulo, da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, conta com enfermaria de psiquiatria há mais de trinta anos. Alguns hospitais de ponta no país, entre eles o Albert Einstein,
de São Paulo, estende atualmente seus cuidados aos portadores de transtornos mentais. É fundamental a continuidade do programa de desinstitucionalização progressiva dos pacientes remanescentes em situação asilar, principalmente nos hospitais reconhecidamente deficientes e com histórico de abuso dos direitos humanos.
Os transtornos mentais são responsáveis por 18% da sobrecarga global das doenças no país, mas contam apenas com 2,5% do orçamento da saúde. É preciso superar esse descompasso, ampliarmos cursos de graduação e pós-graduação especializados em enfermagem psiquiátrica, providenciar treinamento das equipes do Programa de Saúde da Família nos cuidados básicos em saúde mental e desenvolver cursos de extensão para profissionais que possam atuar na gestão dos serviços de saúde mental.
Para um país que pretende reduzir a desigualdade social, é essencial cuidar de seus desprotegidos com dignidade. Que se amplie o financiamento à saúde em direção à oferta mais eqüitativa dos serviços destinados aos portadores de transtornos mentais, pois não há saúde sem saúde mental
Jair de Jesus Mari
Membro do Comitê Executivo do
Professor titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo e Professor honorário do
Population Research Department - Institute of Psychiatry - Kings
College


Global Mental Health Movement.
Health Services and, Universidade de Londres

Quanto tempo....

O tempo é um fluir constante. Uma sucessão ininterrupta, na qual todas as coisas que a experiência nos mostra nascem, existem e morrem. É fatalmente irreversível: nenhum esforço humano o pode deter, retardar ou acelerar. Tudo, com movimento perpétuo e revolução perene, passa e vai passando.
Onde estamos? - Para onde vamos? - Que podemos saber? - Que devemos fazer? - Que nos é lícito esperar? Eis problemas fundamentais intimamente relacionados com o tempo.

Goethe disse: "Cada momento, cada segundo é de um valor infinito, pois ele é o representante de uma eternidade inteira".

KYRIÉ ELÉISON

Padrões pré-estabelecidos

Desde muito cedo a maioria de nós é ensinado a seguir um "bom padrão" de comportamento humano.
Muitas vezes, o modelo padrão escolhido é o de nossos pais, avós, alguém de sucesso financeiro ou intelectual, ou, ainda, um ícone religioso como Cristo, Buda ou Gandhi.
Acredito que isso também ocorreu com você não é mesmo?
Se por um lado, há o nosso desejo mais secreto de corresponder às expectativas alheias, principalmente àquelas de quem amamos, precisando nos sentir aceitos em nosso meio, há um fator de desequilíbrio nessa balança: o que você quer para você mesmo?
Perseguir um modelo padrão pode ser uma idéia atrativa. Uma vez que deu certo com ele dará com você. Pensamento simplista para uma questão complexa. Sua vida não é a vida de mais ninguém. Sua história é escrita por você a partir de suas próprias experiências, de suas atitudes e omissões.
Com um bom modelo teremos sempre o que aprender. Atitudes também podem ser aprendidas. Certo? Mas, atender expectativas definitivamente não é uma boa idéia, a menos que sejam as suas próprias, pois haverá a grande possibilidade de você tornar-se um indivíduo frustrado e infeliz.
Já parou para pensar no que você gosta, e no que gostaria de fazer a maior parte do seu tempo de vida?
Será que você, com suas vocações naturais, se adaptaria a uma vida celibatária e vegetariana como a que viveu Gandhi?
E que tal a vida insône de Henri Ford?
Alguns, mesmo com modelos prontos da "vida perfeita", preferiram arriscar-se por novos caminhos e conseguiram criar um novo modelo, saindo da "mesmice".
Será que você se dispõe a isso: a viver sua própria vida?
Ou vai escolher brigar com sua própria natureza, seus desejos e anseios, buscando seguir um padrão para o qual não foi talhado?
Que tal parar para um bate-papo com os seus botões?
Meu avô dizia que o nosso melhor conselheiro é o travesseiro e nossos melhores ouvintes os botões. Pare e escute de você mesmo o que acha de sua vida, e o que gostaria de fazer dela. Que experiências você quer ter enquanto viver. Pergunte, mas dê um tempo para que você, internamente, pense sobre suas questões de importância vital, e possa descobrir respostas para elas. Não vai ficar no seu pé dia e noite em busca de uma solução, porque auto-cobrança é um veneno para a quietude da alma. Pergunta e descansa. Esvazie sua mente. Não se preocupe, por um tempo, nem com o que já passou e muito menos com o que nem ocorreu ainda. Deixe tudo quieto, por um tempo apenas. Aprende a disciplinar sua mente enquanto espera a resposta.
A resposta virá. E você só a ouvirá se sua mente estiver calma, sem constantes diálogos internos e vãs filosofias. E nesse momento você saberá o que fazer em sua vida e como fazer.
Quando isso ocorrer, você não terá apenas ouvido a si próprio, mas terá realizado o seu primeiro milagre.

Tudo acontece, o tempo todo. Faça as coisas acontecerem para você também. Gire a roda do destino a seu favor.
Você consegue.

domingo, 3 de maio de 2009

Questionamentos


Tales e as nove Perguntas


=========================


Tales de Mileto, filósofo grego, o mais antigo dos Sete Sábios da Grécia (640 a 550 d. C.), durante parte de sua vida foi um bom comerciante. Após enriquecer, retirou-se dos negócios e pôde dedicar-se aos estudos, adquirindo muitos conhecimentos através de viagens.Aprende Geometria com sacerdotes egípcios, previu o primeiro eclipse solar no ano de 500 a. C. E determinou a duração do ano. Ainda em vida, foi considerado o pai da Astronomia, da Geometria e da Aritmética.Em certa ocasião, foi inquirido sobre 9 questões.


Hei-las, seguidas da resposta de Tales:

1. Qual a coisa mais velha de todas as coisas?Deus, porque ele sempre existiu.

2. Qual a mais bela de todas as coisas?O universo, porque é trabalho de Deus.

3. Qual a maior de todas coisas?O espaço, porque ele contém o que foi criado.

4. Qual a mais constante de todas as coisas?A esperança, porque ela permanece nos Homens mesmo depois de terem perdido tudo.

5. Qual é a melhor de todas as coisas?A liberdade, porque sem ela não há nada de bom.

6. Qual é a rápida de todas as coisas?O pensamento, porque em um segundo pode voar para o extremo do universo.

7. Qual é a mais forte de todas as coisas?A necessidade, porque ela faz os homens enfrentarem os perigos da vida.

8. Qual é a mais fácil de todas as coisas?Dar conselhos.

9. Qual a mais difícil de todas as coisas?Conhecer a si mesmo

Quem é você......?

Cenoura, Ovo ou Café ====================
Uma filha se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as coisasestavam tão difíceis para ela..Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir.Estava cansada de lutar e combater. Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia.Seu pai, um "chef", levou-a até a cozinha dele. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Logo as panelas começaram a ferver. Em uma ele colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café.Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra..A filha deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo. Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás. Pescou as cenouras e as colocou em uma tigela. Retirou os ovos e os colocou em uma tigela.Então pegou o café com uma concha e o colocou em uma tigela.Virando-se para ela, perguntou "Querida, o que você está vendo ?""Cenouras, ovos e café," ela respondeu. Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar ascenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias.Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse.Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovoendurecera com a fervura.Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café. Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso. Ela perguntou humildemente : "O que isto significa, pai ?"Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade,água fervendo, mas que cada um reagira de maneira diferente. A cenoura entrara forte, firme e inflexível. Mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e setornara frágil.Os ovos eram frágeis.Sua casca fina havia protegido o líquido interior.Mas depois de terem sido colocados na água fervendo, seu interior setornou mais rígido.O pó de café, contudo, era incomparável.Depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água."Qual deles é você?" -perguntou à sua filha."Quando a adversidade bate a sua porta, como você responde ? Você é uma cenoura, um ovo ou um pó de café?"E você?Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a adversidadevocê murcha e se torna frágil e perde sua força?Será que você é como o ovo, que começa com um coração maleável?Você teria um espírito maleável, mas depois de alguma morte, umafalência, um divórcio ou uma demissão, você se tornou mais difícil e duro?Sua casca parece a mesma, mas você está mais amargo e obstinado, com ocoração e o espírito inflexíveis ?Ou será que você é como o pó de café?Ele muda a água fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a 100 graus centígrados. Quanto mais quente estiver a água, mais gostoso se torna o café. Se você é como o pó de café, quando as coisas se tornam piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.
Como você lida com a adversidade ?
Você é uma cenoura, um ovo ou café?

sábado, 2 de maio de 2009

Seus pensamentos obedecem à campanhia

"Vou contar para vocês uma estória.
Não importa se verdadeira ou imaginada.
Por vezes, para ver a verdade, é preciso sair do mundo da realidade e entrar no mundo da fantasia...
Um grupo de psicólogos se dispôs a fazer uma experiência com macacos. Colocaram cinco macacos dentro de uma jaula. No meio da jaula, uma mesa. Acima da mesa, pendendo do teto, um cacho de bananas.
Os macacos gostam de bananas. Viram a mesa. Perceberam que, subindo na mesa, alcançariam as bananas. Um dos macacos subiu na mesa para apanhar uma banana. Mas os psicólogos estavam preparados para tal eventualidade: com uma mangueira deram um banho de água fria nele. O macaco que estava sobre a mesa, ensopado, desistiu provisoriamente do seu projeto.
Passados alguns minutos, voltou o desejo de comer bananas. Outro macaco resolveu comer bananas. Mas, ao subir na mesa, outro banho de água fria. Depois de o banho se repetir por quatro vezes, os macacos concluíram que havia uma relação causal entre subir na mesa e o banho de água fria. Como o medo da água fria era maior que o desejo de comer bananas, resolveram que o macaco que tentasse subir na mesa levaria uma surra. Quando um macaco subia na mesa, antes do banho de água fria, os outros lhe aplicavam a surra merecida.
Aí os psicólogos retiraram da jaula um macaco e colocaram no seu lugar um outro macaco que nada sabia dos banhos de água fria. Ele se comportou como qualquer macaco. Foi subir na mesa para comer as bananas. Mas, antes que o fizesse, os outros quatro lhe aplicaram a surra prescrita. Sem nada entender e passada a dor da surra, voltou a querer comer a banana e subiu na mesa. Nova surra. Depois da quarta surra, ele concluiu: nessa jaula, macaco que sobe na mesa apanha. Adotou, então, a sabedoria cristalizada pelos políticos humanos que diz: se você não pode derrotá-los, junte-se a eles.
Os psicólogos retiraram então um outro macaco e o substituíram por outro. A mesma coisa aconteceu. Os três macacos originais mais o último macaco, que nada sabia da origem e função da surra, lhe aplicaram a sova de praxe. Este último macaco também aprendeu que, naquela jaula, quem subia na mesa apanhava.
E assim continuaram os psicólogos a substituir os macacos originais por macacos novos, até que na jaula só ficaram macacos que nada sabiam sobre o banho de água fria. Mas, a despeito disso, eles continuavam a surrar os macacos que subiam na mesa.
Se perguntássemos aos macacos a razão das surras, eles responderiam: é assim porque é assim. Nessa jaula, macaco que sobe na mesa apanha... Haviam se esquecido completamente das bananas e nada sabiam sobre os banhos. Só pensavam na mesa proibida.
Vamos brincar de "fazer de conta". Imaginemos que as escolas sejam as jaulas e que nós estejamos dentro delas... Por favor, não se ofenda, é só faz-de-conta, fantasia, para ajudar o pensamento. Nosso desejo original é comer bananas. Mas já nos esquecemos delas. Há, nas escolas, uma infinidade de coisas e procedimentos cristalizados pela rotina, pela burocracia, pelas repetições, pelos melhoramentos. À semelhança dos macacos, aprendemos que é assim que são as escolas. E nem fazemos perguntas sobre o sentido daquelas coisas e procedimentos para a educação das crianças. Vou dar alguns exemplos.
Primeiro, a arquitetura das escolas. Todas as escolas têm corredores e salas de aula. As salas servem para separar as crianças em grupos, segregando-as umas das outras. Por que é assim? Tem de ser assim? Haverá uma outra forma de organizar o espaço, que permita interação e cooperação entre crianças de idades diferentes, tal como acontece na vida?
A escola não deveria imitar a vida?
Programas. Um programa é uma organização de saberes numa determinada sequência. Quem determinou que esses são os saberes e que eles devem ser aprendidos na ordem prescrita? Que uso fazem as crianças desses saberes na sua vida de cada dia? As crianças escolheriam esses saberes? Os programas servem igualmente para crianças que vivem nas praias de Alagoas, nas favelas das cidades, nas montanhas de Minas, nas florestas da Amazônia, nas cidadezinhas do interior?
Os programas são dados em unidades de tempo chamadas "aulas". As aulas têm horários definidos. Ao final, toca-se uma campainha. A criança tem de parar de pensar o que estava pensando e passar a pensar o que o programa diz que deve ser pensado naquele tempo. O pensamento obedece às ordens das campainhas? Por que é necessário que todas as crianças pensem as mesmas coisas, na mesma hora, no mesmo ritmo? As crianças são todas iguais? O objetivo da escola é fazer com que as crianças sejam todas iguais?
A questão é fazer as perguntas fundamentais:
Por que é assim?
Para que serve isso?
Poderia ser de outra forma?
Temo que, como os macacos, concentrados no cuidado com a mesa, acabemos por nos esquecer das bananas..."


RUBEM ALVES


sexta-feira, 1 de maio de 2009

S.A.P.O

Se existem três sapos numa folha, e um deles decide pular da folha para a água, quantos sapos restam na folha
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Resposta certa: Depende!!!


Porque se o sapo apenas decidiu pular mas não o fez, continuam sendo três sapos na folha.
Brincadeiras à parte,
Às vezes, a gente não se parece com o sapo?
Quando decidimos fazer isso, fazer aquilo e no final não fazemos nada?
Na vida temos que tomar muitas decisões. Algumas fáceis, outras difíceis.
Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento.
Expor as idéias e sonhos é arriscar-se a perdê-los.
Questionar é arriscar-se ser considerado "louco"
Amar é correr o risco de não ser amado.
Viver é correr o risco de morrer.
Ter esperança é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de falhar.


Os riscos precisam ser enfrentados porque o maior fracasso na vida é não arriscar nada.
A pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada, é nada...
Ela pode evitar o sofrimento e a dor mas não aprende, não sente, não muda, não cresce, não vive. É uma escrava que teme a liberdade.

Apenas quem arrisca é livre !!!!

Normalidade.....a quem interessa??!!








O que é Ser Normal?




“Que é loucura: ser cavaleiro andante ou segui-lo como escudeiro?
De nós dois, quem o louco verdadeiro?
O que, acordado, sonha doidamente?
O que, mesmo vendado, vê o real e segue o sonho de um doido pelas bruxas embruxado?
Eis-me, talvez, o único maluco, e me sabendo tal, sem grão de siso, sou- que doideira – um louco de juízo “
(Carlos Drummond- Quixote e Sancho de Portinari, 1974).







Você já se fez essa pergunta: o que é ser uma PESSOA NORMAL?


Será que é tão fácil definir isso?

O problema do ser normal reside no conceito equivocado de normalidade, porque é entendido como viver no padrão, dentro das normas. Estabelece-se, arbitrariamente, uma norma ideal, o que é supostamente “sadio”, mais “evoluído”. Tal norma é de fato socialmente constituída e referendada. Depende, portanto, de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários e, no mais das vezes, dogmáticos e doutrinários. O normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequência, embora muitas vezes não o seja. A criação das línguas, assim como das regras e normas, são fatos sociais, através dos quais a sociedade tem a capacidade de se auto-regular. Lembro, também, que são fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, maneiras de agir, costumes, não desprezando a idéia que os fatos sociais são coercivos e exteriores ao individuo (Émile Durkheim). As normas determinam regras de comportamento que refletem valores de uma cultura determinando ou proibindo determinados tipos de comportamento, sendo as normas acompanhadas por sanções formais (justiça) ou informais (repreensão popular).
A pergunta a ser feita é:-

- Quem espera o que de nós?

- Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha “presença” atravé de modelos de comportamento amplamente divulgados. O fato é que a sociedade precisa das normas para seu funcionamento satisfatório, muitas vezes em detrimento do indivíduo, o que não pode ser negado, ao menos na história da psiquiatria.
A mais antiga doença mental levou o nome de epilepsia (epi, o que está acima; lepsis, abater), já que os antigos pensavam que o diabo vinha de cima e abatia o indivíduo. Ao redor do ano 150a.C. ASCLEPÍADES criou o termo alienatio mentis para caracterizar os energúmenos, que eram postos à parte pela sociedade, alienados pelas pessoas, as quais praticavam as mais atrozes condutas, desde escorraçá-los para fora dos muros da cidade, condenando-os à vida errante, até confiá-los às famosas Naus dos Loucos. A doutrina que imputava ao demônio a origem da loucura foi assim por 1500 anos da era cristã. Muitos acabaram queimados na fogueira. Naquela época a sociedade tratava assim quem estava "fora dos padrões". O comportamento ético- moral apareceu na biosfera terrestre ao mesmo tempo em que surgiu a percepção consciente. Um ser consciente pode ser bom ou mal, ao passo que um ser não-consciente não pode. Consciência, em verdade, é entendimento das coisas, é um mundo a refletir o mundo, ou seja, a conduta é fruto de uma determinação de acordo com o entendimento. As regras e normas nasceram da inclinação natural do homem para o bem da natureza da humanidade, não tendo, porém, o homem se livrado de seus instintos profundamente arraigados.
O maior perigo pelo qual o ser humano está se contagiando é a doença da “Normose”( Prof. Hermógenes-Ioga), que é a doença de ser normal. Temos que ser naturais.

Ser normal é o comportamento que todos têm, é a mesmice generalizada.


Muitas coisas que destróem o Homem estão na moda, dentro das normas. São normais, mas não são naturais. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu “normal”. A normose que nos limita e condena à obediência alienante é o maior desafio imposto ao Homem. As pessoas “esquisitas”, “anormais” incomodam. Face a um SER HUMANO com deficiência física ou mental, as pessoas vivem sentimentos contraditórios: desde compaixão a rejeição, sendo no mais das vezes imperativo o sentimento de rejeição. Tem sido assim ao longo da própria história que mostra muitos gênios que já foram discriminados antes de alcançarem o sucesso de seus empreendimentos, por exemplo, cientistas, artistas e escritores, que foram considerados malucos e anormais por serem diferentes e esquisitos. O questionamento da normalidade deve nos remeter a René Descartes: Dubito, ergo cogito, ergo sum. Se existo, posso duvidar e questionar os conhecimentos e dogmas da "sociedade normal". Portanto, o mais importante é: não olhe para outro ser humano e aponte o dedo porque ele tem “comportamentos anormais”, porque ele é “louco”.

Afinal, você é NORMAL ou NORMÓTICO?

“Não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que TODOS, sejam lá quem for TODOS. Melhor se preocupar em ser você mesmo”