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sábado, 2 de maio de 2009

A Arte do Conflito


Domenico zampieri ( Adam and Eve )


MOVIMENTO BARROCO

O barroco foi um estilo que se manifestou em várias formas de arte na América Latina e na Europa Ocidental, predominou da metade do século XVI ao final do século XVII. Quaisquer que sejam as diferenças nacionais ou individuais na expressão do fenômeno barroco, há entre as variadas manifestações, nos mais diversos lugares, atributos comuns que fazem dele um fenômeno universal, sobretudo, durante o século XVII.
O período histórico no qual o movimento barroco se desenvolve apresenta características de um contexto de autoritarismo político, marcado pelo absolutismo, que como sabemos, é o sistema político baseado na centralização absoluta do poder nas mãos do rei. Vive-se um momento de expansão, com a revolução comercial, cuja política econômica, o Mercantilismo, se baseava no “metalismo”, na balança comercial favorável e no acúmulo de capitais. Ocorre também, a luta de classes onde a burguesia, por deter forte poder econômico, pressionava politicamente a nobreza e o Rei, a fim de participar das decisões políticas do Estado Absolutista. Concomitantemente, a arte barroca eclode desse estado de turbulência, mudanças radicais e crises religiosas.
O barroco na arte marcou um momento de crise espiritual da sociedade européia. O homem do século XVII era dividido em duas mentalidades, duas formas diferentes de ver o mundo. Por isso o estilo barroco é um dos mais complexos que podem ser estudados na literatura brasileira.
O homem barroco estaria diante desse dilema entre o céu e a terra, o pecado e a salvação, a mística e a sensualidade, a santidade e o liberalismo, só havendo para ele uma saída: acolher os pólos opostos. Sua alma ficou assim, uma alma agônica, polarizada entre opostos, dilemática, paradoxal. Toda literatura barroca testemunha esse estado de alma.
Convivendo com o sensualismo e os prazeres materiais trazidos pelo Renascimento, os valores espirituais tão fortes na Idade Média voltaram a exercer forte influência sobre a mentalidade da época. Uma nova onda de religiosidade foi trazida pela Contra-reforma e pela fundação da Companhia de Jesus. O que decorreu daí foram naturalmente sentimentos contraditórios. A arte barroca representa essa contradição, oscilando entre o clássico e pagão e o medieval e cristão, apresentando-se como uma arte indisciplinada.
Assim, valores como o humanismo, o gosto pelas coisas terrenas, as satisfações mundanas e carnais, trazidos pelo Renascimento, que era caracterizado pelo racionalismo e equilíbrio, imbricam-se a valores espirituais trazidos pela Contra-reforma, com idéias medievais, teocêntricas e subjetivas.
Politicamente, o homem da época sentia-se oprimido economicamente, contudo, sentia-se livre para enriquecer com a possibilidade de ascensão social.
No plano espiritual, igualmente se verificaram contradições: ao lado das conquistas e dos valores do renascimento e do mercantilismo - que possibilitou a aquisição de bens e prazeres materiais - a contra-reforma procurava restaurar a fé cristã medieval e estimular a vida e os valores espirituais.
Por esse conjunto de razões é que na linguagem barroca, tanto na forma quanto no conteúdo, se verifica uma rejeição constante na visão ordenada das coisas. Os temas são aqueles que refletem os estados de tensão da alma humana, tais como vida e morte, matéria e espírito, amor platônico e amor carnal, pecado e o perdão. A construção da linguagem barroca acentua e amplia o sentido trágico desses temas, ao fazer o uso de uma linguagem de difícil acesso, rebuscada, cheia de inversões e de figuras de linguagem. Outros temas que são facilmente encontrados são o sobrenatural, castigos, misticismo e arrependimento.
A época da Contra-reforma, e do barroco é principalmente marcada por uma profunda dualidade. Por um lado, é o desdobramento do humanismo clássico e do Renascimento, com seus apelos ao racionalismo, ao prazer, ao “carpe diem” (do latim, “aproveite o dia”). Por outro lado, o homem é pressionado pela igreja católica e pelo protestantismo mais vigoroso a um regresso ao teocentrismo medieval, à postura estóica, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne e à observância plena do “amar a Deus sobre todas as coisas”, princípio capitular do teocentrismo medieval.
O barroco utilizando-se de temas contraditórios e conflituosos, como a morte, o absurdo da vida, o diferente toca uma dimensão de apreensões que são eternas, sempre estarão presentes na vida das pessoas. A criação barroca, por seu caráter bastante autônomo, propôs uma abordagem particular da condição humana, quase que uma nova forma de agir e de ser. Desse modo, o contexto emocional que mobilizou seu surgimento não é alheio a outros períodos da história, o que justifica sua incidência em maior ou menor grau nas diversas expressões modernas da arte e da literatura no ocidente.

Queixa-se o poeta em que o mundo vay errado, e querendoemendâlo o tem por empreza difficultosa.


"Carregado de mim ando no mundo, e o grande peso embarga-me as passadas, que como ando por vias desusadas, faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo caminho, onde dos mais vejo as pisadas, que as bestas andam juntas mais ornadas, do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,Erra, quem presumir, que sabe tudo, se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo, que é melhor neste mundo o mar de enganos ser louco cos demais, que ser sisudo."


GREGÓRIO DE MATOS GUERRA ( O BOCA DO INFERNO )

Barroco


BACH - "MAGNIFICAT"


Johann Sebastian Bach, (21 de Março, 1685 - 28 de Julho, 1750) é um músico e compositor do período barroco da música erudita. É também um organista notável. Nasceu em Eisenach (Alemanha), no seio de uma família de músicos. É considerado um dos maiores e mais influentes compositores da história da música, ainda que pouco reconhecido na época em que viveu. Muitas das suas obras refletem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional impressionante e, sobretudo, um grande domínio técnico em grande parte responsável pelo fascínio que diversas gerações de músicos demonstraram pelo Pai Bach, especialmente depois de Felix Mendelssohn que foi um dos responsáveis pela reabilitação da obra de Bach, até então bastante esquecida.
A contribuição de Johann Sebastian Bach na Música, ou pegando emprestado um termo popularizado como "sua ciência musical" são frequentemente comparadas às genialidades de William Shakespeare na literatura inglesa e Isaac Newton na Física.
Durante a Idade Média e o Renascimento houve uma forte ênfase no aspecto ritual da Celebração Cristã. A Missa era proferida em Latim, uma língua não acessível a todos e, consequentemente, a música sacra era também escrita nesse idioma. Inicialmente, a Música Sacra Ocidental baseava-se ao Canto Gregoriano, ligado à arquitetura gótica, que criavam uma relação misteriosa com Deus. A própria construção melódica do Canto Gregoriano, com uma limitada extensão, recitação e ondulação, contribuía para um efeito hipnótico no Ritual.
Na virada do século XVI para o XVII, a idéia na qual “o texto servia a música” inverteu-se total­mente. Através de caminhos diferentes, a música estava ao serviço da letra, de forma a que o texto fosse dramatizado e intensificado pela própria música. Nasce, pois, a monodia barroca, um gênero musical para ser executado por uma só voz, com acompanha­mento instrumental (normalmente, poucos instrumentos).
A Música Sacra Barroca é, então, “derivada” do texto e o grande objetivo é “afetar” o ouvinte, ou seja, levá-lo a uma profunda experiência emocional e cognitiva. O compositor lê o texto, absorve as idéias inerentes a ele e procura, assim, escrever uma música que o dramatize. O enfoque do texto na Música Sacra foi tão importante com a Reforma Protestante de Lutero, que o texto sacro passou a ser cantado em vernáculo, tornando-o acessível a todos. É neste sentido que Bach é considerado o mais importante compositor de Música Sacra, pois, além do seu valor estético, tinha a intenção de tornar o texto vivo na música.
No início do século XVII, a Música Sacra foi marcada por profundas evoluções técnicas, principalmente na construção. A atenção dos compositores voltou-se, então, para a voz humana, acompanhada de uma instrumentação que realçasse a intensidade das palavras. Aparece, então, o Baixo-Contínuo na Música Sacra que era feito por um ou vários instrumentos, responsáveis pela sustentação harmônica da obra, enquanto a voz humana e os instrumentos mais agudos faziam as melodias principais. Dada a sua importância estrutural (tocava em toda a obra), o Baixo-Contínuo geralmente comandava toda a execução e era, normalmente, interpretado pelos músicos mais importantes, como os mestres de capela, os regentes e os organistas compositores (ainda hoje, nos conjuntos instrumentais da época, o maestro está sentado ao Cravo).
Se a Arte Barroca procurava representar o Homem, a Música Sacra Barroca representava as suas ansiedades violentas, as suas paixões cristãs, as suas emoções mais profundas. O Homem é um membro de um todo (não como indivíduo) o que levava os compositores a escreverem obras que generalizassem sentimentos; ou seja, as obras tinham de ser tão comoventes a ponto de cativarem toda uma Assembléia e tinham de ser facilmente ouvidas por todos. Não havia, portanto, a noção de elite na música, nomeadamente no âmbito da Música Sacra mais profunda. A Música Religiosa Católica Ocidental aspirava a elevar a Liturgia a uma dignidade total. Por isso, exaltava-se a tradição textual da Bíblia e também nos gêneros textuais específicos – Te Deum, Magnificat, Antífona, Seqüência, Vésperas, Motetos Sacros – construindo melodias e obras completas que teatralizassem estes mesmos textos.