sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O dom de ser capaz e feliz

A capacidade de ser feliz, amar e viver plenamente está dentro de você.
Cada situação vivida é uma grande oportunidade de aprendizado e de reescrever sua história.
Se você gosta de música e poesia uma boa oportunidade é ouvir essa bela melodia.

Ando devagar...
...porque já tive pressa
E levo esse sorriso...
.. porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
Penso que cumprir a vida seja simplesmente...
...compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada...
... eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
Todo mundo ama um dia...
... todo mundo chora,
Um dia a gente chega...
...no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz



Tocando em Frente
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Você tem seu valor

Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre:- Por que estou me sentindo inferior?Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum.Por que estou me sentindo assustado agora?O Mestre falou:- Espere. Quando todos tiverem partido, responderei. Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente:- Agora você pode me responder por que me sinto inferior?O Mestre o levou para fora. Era um noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse:- Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum.
A árvore menor jamais disse à maior: Por que me sinto inferior diante de você?
Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso.O samurai então argumentou:- Isto se dá porque elas não podem se comparar. E o Mestre replicou: Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta.
Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem.Você é o que é e simplesmente existe.
Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo.Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta.Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida.

Então vamos praticar a auto-estima e auto-confiança:


*HONESTIDADE – seja, acima de tudo, honesto com você mesmo. Todos têm vulnerabilidades, mas também pontos fortes. Identifique-os e aprenda a lidar com eles.

*PENSE – modifique sua forma de pensar. Não seja derrotado MENTALMENTE.

*VIGIE seus pensamentos. Deixe lugar apenas para o OTIMISMO

*CREIA – Você pode modificar seus comportamentos. Basta ACREDITAR.

*SUPERE – vença suas fraquezas e potencialize suas QUALIDADES.

*FAÇA seu melhor, pois você sempre será capaz, mas.....

*RESPEITE a si mesmo – não exija a PERFEIÇÃO. Não cobre tanto de si mesmo.

*Estabeleça seus OBJETIVOS. Mas não se compare aos outros.

VOCÊ É VOCÊ !!
GOSTE DE SI MESMO !!
VOCÊ TEM SEU VALOR !!

domingo, 13 de novembro de 2011

Humanamente Genial


O ser humano tão genial,

Inventor de modernas tecnologias,

Criou poderosos microscópios

Capazes de desvendar

Imagens tão infinitamente pequenas.

Ultrapassando qualquer barreira da luz

Chegou à orbita molecular das células.



O ser humano,

Em sua genialidade,

Foi capaz de criar telescópios

Que enxergam tão longinquamente

Planetas e estrelas

Orbitando em seus sistemas solares.



Mas sofre o ser,

Tão humanamente genial,

Em abissais sentimentos.

Pois não acha a órbita de

Sua própria



sábado, 5 de novembro de 2011

Identidades engessadas

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
Clarice Lispector
Quantas vezes por dia é capaz de permitir o auto questionamento?
Consegue estabelecer um diálogo interno?
Ou se sente completamente dono de toda razão ou princípio?
Conhecer ou reconhecer a própria identidade é um exercício que exige honestidade e mente flexível.
Mas entenda-se que um diálogo interior não pode submeter-se à enxurrada de pensamentos que, invariavelmente, invadem a mente.
Reserve poucos minutos de cada dia para que possa silenciar sua mente. Isso é importantíssimo, afinal uma mente conturbada e inundada em pensamentos pode irromper emoções angustiantes.
À medida que você consegue coordenar esse processo mental, será capaz de quebrar paradigmas e ganha a oportunidade de novos aprendizados e idéias.
Obviamente, nem sempre é fácil esse desengessamento mental e emocional. Mas tudo que nos propusermos a realizar, insistindo como prática cotidiana, torna-se facilmente realizável.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VALORES - imposições e escolhas

Houve uma época na qual os educados senhores abriam a porta de seus carros para que a dama pudesse entrar. Os homens eram gentis.
Houve época na qual os gentis senhores levantavam-se da cadeira, assim que sua dama chegasse ou saísse da mesa. Os homens eram polidos.
Houve um momento, na história do ser humano, na qual a polidez era característica primordial da espécie.
Naquela época se falava: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “como vai”, “tenha um belo dia”, “prazer em conhecê-lo(a)”, “por favor”, “obrigado”.
Naquela época também as damas sabiam ser valorizadas por sua graciosidade e discrição.
Também nessa época, a sexualidade era algo exclusivamente pertencente àquela pessoa, sem necessidade de propagandas ou alusões à promiscuidade.
Obviamente, mesmo naquela e em tantas outras épocas, havia a deselegância, a desonestidade e todo tipo de atitude associada ao caráter individual.
Entretanto, o pior cenário contemporâneo não é a encenação de tantos atos insanos e de tanta ausência de honradez.
Vai além. Pior do que isso é a normalização e a banalização da moral e da ética.
Heráclito de Éfeso ( s VI – V a.C. ) definia o caráter como “o conjunto definido de traços comportamentais e afetivos de um indivíduo, persistentes o bastante para determinar o seu destino”.
Assim, quando a tônica social legitima e minimiza os desvios de caráter, estabelece uma nova configuração dos valores éticos e morais do indivíduo ou da sociedade.
O caráter individual fica reprimido diante dessa nova moral social.
Chega-se em uma época em que ser correto, honesto ou elegante é motivo de chacota.
Nessa época, o gentil cavalheiro, ainda tentando resgatar uma identidade de outrora, pode ser um “otário” diante de outras pessoas, assim como a dama que ainda tenta manter a tradição e o aprendizado familiar.
Hoje, há exclamações de espanto quando alguém devolve uma mala de dinheiro encontrada ao acaso. Mas, em contrapartida, já não há o mesmo espanto quando o indivíduo se apropria do dinheiro alheio.
Inversão dos valores?
A sociedade impõe regras que nem sempre são digeríveis.
Houve uma época em que os pais sabiam o que era melhor para seus filhos. Hoje, tudo que foi aprendido como forma de educação naqueles tempos tenta ser descaracterizado e classificado como inadequado.
Inadequado??
Moral da história?
Acabou a moral e a ética na sociedade atual?
O caráter individual ainda consegue prevalecer diante deste caos?
A sociedade ou os controladores sociais ainda nos permitem pensar?
Até quando pensaremos que realmente pensamos?
Até quando seremos detentores dos próprios sentimentos e emoções?
Até onde você conseguirá fazer questionamentos dentro do contexto atual?
E para finalizar: em que época você vive ou sobrevive?
Por sinal, não se trata de um texto deselegante ou ranzinza, mas, sobretudo, uma réstia de apego ao que vale a pena.
Como disse Clarice Lispector:
- “Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.”


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Arte Emocional

A lira, instrumento musical de cordas, foi bastante utilizada pelos gregos para acompanhar versos poéticos de forma melodiosa.
Desde o século IV a.C os poemas pequenos, através dos quais os poetas manifestavam sentimentos, tornaram-se conhecidos como poesias líricas, graças à melodia das liras.
Assim, observa-se que o lirismo está associado diretamente à sonoridade da música e do canto. Na literatura é possível notar que as poesias líricas apresentam uma sonoridade peculiar, propiciando ao leitor SENTIMENTOS e EMOÇÕES de forma maravilhosa.
Na música lírica também é assim, manifestando emoções irrefreáveis. É a tônica do lirismo, que poderia ser designado como a ARTE EMOCIONAL.
O lírico pode ser um excelente representativo de estado de ALMA, simbolizando o “eu” e suas experiências e expectativas diante da vida.
Enfim, quem vive a intensidade dos sentimentos consegue identificar-se com as poesias e músicas líricas.
Deleite-se nos versos abaixo e, depois, permita-se viajar na melodia da música.

 Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mário Quintana




domingo, 26 de junho de 2011

Sopram ventos


"Às vezes ouço o vento passar;
E só de ouvir o vento passar,
Vale a pena ter nascido"
                                      Fernando Pessoa

Um fazendeiro possuía terras em uma região muito fértil, porém sujeita a tempestades terríveis. Ele constantemente anunciava estar precisando de empregados, mas a maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar em fazendas daquela região, pois temiam as horrorosas tempestades que faziam estragos nas construções e nas plantações.
Procurando por novos empregados, ele recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se aproximou do fazendeiro.
- Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
- Bem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram. -respondeu o pequenino homem.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou. O pequeno homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer até o anoitecer e o fazendeiro estava satisfeito com o trabalho do empregado.
Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou:
- Levanta! Uma tempestade está chegando! Amarre as coisas antes que sejam arrastadas!
O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente:
- Não senhor. Eu lhe falei, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Enfurecido pela resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Em vez disso, ele se apressou a sair e preparar o terreno para a tempestade. Do empregado, trataria depois.
Mas, para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo. As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos nos viveiros, e todas as portas muito bem travadas. As janelas bem fechadas e seguras. Tudo foi amarrado. Nada poderia ser arrastado.
O fazendeiro então entendeu o que seu empregado quis dizer, então retornou para sua cama para também dormir enquanto o vento soprava.

Quando se está preparado, fisica, mental e espiritualmente, você não tem nada a temer.


Eu lhe pergunto: você pode dormir enquanto os ventos sopram em sua vida?




sexta-feira, 10 de junho de 2011

A conquista do Segredo

Um dos maiores segredos não é tão dificilmente desvendável, embora seja procurado ou desejado por todos os seres humanos.

Quem ainda não foi questionado por alguém, provavelmente já fez em algum momento esse autoquestionamento.


Afinal, qual é o segredo para a Felicidade?

Creio que a felicidade seja algo bastante simples.

Alguns são capazes de encontrar o segredo da felicidade em um despertar pela manhã, pelo simples fato de estar diante de mais um dia cheio de novas oportunidades de aprendizagem e evolução pessoal.

Outros conseguem a felicidade no delicioso cheiro de um café recém-feito, acompanhado de um pedaço de pão ou bolo, sentado confortavelmente, sem qualquer pressa, apenas para deliciar cada nota de cheiro ou sabor.

Ou ainda na beleza das flores, principalmente com seu perfume exalado na evaporação do orvalho.

Outros sentem que a felicidade é poder viver um grande amor ou ainda ter uma família unida, com sentimentos de paz, harmonia e companheirismo.

Muitos acham que o segredo da felicidade é fama, fortuna e status. Os monges budistas acreditam que o segredo da felicidade está na simplicidade material.

A maior dificuldade que o ser humano tem em entender o segredo da felicidade é sua própria rigidez emocional. Acredita que a felicidade é um imutável estado de sentir-se.

Não se pode contar somente com o prazer ou alegria para a conquista da felicidade, pois os momentos antagônicos também fazem parte deste caminho, já que possibilitam o aprendizado.

Algumas pessoas sentem-se infelizes porque vivem sozinhas e abandonadas. Mas porque não utilizar-se de tal sorte para um crescimento e conhecimento de sua força interior.

Se você se julga uma pessoa infeliz e azarada permite que seus pensamentos fiquem mergulhados em um pântano de negativismo e pessimismo. Perde a capacidade e o desejo de sonhar.

O que você faz com tudo ou o pouco que tem é a diferença para o segredo de sua felicidade.

Enfim, o que pode te fazer feliz é o equilíbrio entre o desejo, o sonho e sua conquista.

Como disse o grande Mario Quintana, "a felicidade é um sentimento tão simples, que você pode deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade"

domingo, 5 de junho de 2011

Quais são suas pegadas

“Erva daninha

Cresce sem limites,

Sufoca a natureza,

Expande seus domínios.


Animal dominante,

Ganancioso e imoral.

Perde-se na irracionalidade,

Segue em frente, fatal.


Mácula da natureza

De pegadas enraizadas.

Ser humano indefinível

Entre praga ou indefectível

Achaque do planeta.”


Em 05 de junho de 1972, nada menos do que há 39 anos, a Organização das Nações Unidas promovia um encontro para debater as questões ambientais que já afligiam o planeta. Determinou-se, assim, que essa data seria reconhecida como “Dia Mundial do Meio ambiente”.

Cada vez mais, desde então, tem se falado sobre os desmatamentos; poluição das águas, do ar e do solo, extinção de espécies vegetais e animais e todo tipo de problemas relacionados à biodiversidade.

Mas, infelizmente, após 39 anos decorridos desde aquela conferência, nada melhorou. O que se observa é a destruição cada vez maior da natureza.

O ser humano deixa suas pegadas enraizadas na alma de Gaia.

E você? Faz a diferença? Quais são suas pegadas?


quarta-feira, 25 de maio de 2011

K9, apenas mais uma estatística

Exatamente há 9 anos, no dia 25 de maio de 2002, instituía-se no Brasil a data comemorativa como Dia da Adoção. Mas comemora-se exatamente o que??
Porque crianças são retiradas da família e tornam-se alvo de adoção?

Subentende-se que toda criança nascida de um ventre que lhe proporciona o amor e cuidados necessários, além do fato óbvio de viver em um lar estruturado, jamais será retirado desse ambiente e colocado em abrigos esperando uma adoção.
Mas, infelizmente, estamos falando de um contexto de abandono, negligência e violência ( física, psicólogica e sexual ).
Um dos problemas é que se tira a criança desse lar desestruturado e a encaixa em abrigos que também não têm estrutura adequada para lidar com o problema.
Abrigos deveriam ter obrigatoriamente uma equipe de profissionais técnicos para elaborar os traumas psíquicos dessa criança. Mas não é a realidade.
São apenas “tios” que ali trabalham, mesmo que bem intencionados, como a coordenar verdadeiros albergues infantis.
Então quando observamos uma estatística oficial que demonstra que apenas 14% das crianças abrigadas está “apta” a ser adotada, surge a pergunta inevitável: quanto a burocracia ainda vai atrapalhar a felicidade destas crianças? Isso posto que a tentativa de reintegração ao ambiente familiar biológico acaba consumindo meses ou anos. Enquanto isso a criança vive no abrigo e começa a adquirir características de qualquer pessoa institucionalizada.
Dificilmente a criança abrigada terá condições de retornar ao seu lar, já que, na maior parte dos casos, a violência a qual foi submetida é uma situação irreversível. E até que a justiça determine qual será o caminho dessa criança, já estará fora dos “padrões desejados” por promissores pais adotivos.
Uma criança abrigada, que possa ser adotada, tem que ser, obrigatoriamente, filha de uma família que a ame, que cuide e eduque. Que ofereça todo o afeto necessário. Que demonstre respeito por sua individualidade enquanto ser.
E um pensamento angustiante: e as crianças que nunca serão adotadas? que fim terão? De que forma esse futuro adulto conseguirá encarar o mundo?
Uma adoção não se impõe, visto que a fragilidade destas crianças é muito grande. Assim, o casal deve estar disposto a amá-la incondicionalmente.
Sem dúvida, uma adoção concretizada pode ser o início de uma história de felicidade. Uma adoção pode permitir a essa criança reescrever sua história.

Deveríamos comemorar o respeito, o amor, a doação incondicional de afeto.

K, uma menina de 9 anos. Sobrevivente de uma família desestruturada, com mãe negligente e pai alcoólatra. Irmã mais velha de quatro.


“quando eu deitava para dormir, papai vinha mexer comigo”

A mãe?....... sempre soube.

“agora nós estamos vivendo nesse lugar, cheio de outras crianças”

O Estado diz que protege.


Protege de que? Protege de quem?

K, apenas 9 anos.

Vive a pensar em homens. Olhar sedutor.

Mexe com todos os meninos. Instiga.

Corpo de criança.

Mente de criança.

Desejos de mulher.

K, menina confusa

Impulsiva, atrevida.

E o Estado a protegeu de que forma?

Evitou o estrago?

Então surge a pergunta inevitável.

A quem se engana com criação de leis?

A lei que proíbe a mão da palmada,

Protege a criança da mão que bulina?

Protege a criança da negligência?

De que forma?

K, 9, apenas mais uma nas estatísticas

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Jaha, quase nada mudou em um século

Jaha, uma moça de 20 anos, jovem negra, no auge da saúde física e mental. Já casada, com 2 pequeninos filhos.
Foi contratada para trabalhar como empregada doméstica, o que lhe causara felicidade, afinal precisava cooperar com o marido nas finanças de casa.
Logo nos primeiros dias já pôde sentir, na pele, o que seria trabalhar naquele lugar.

“minha patroa não deixava eu comer na mesa. Tinha que comer em um quartinho, sentada no chão. Ela mesma fazia o prato para eu comer. Eram os restos deixados nos pratos dos patrões.”

“minha patroa fazia escovar todo o carpete da casa com uma escova de dente.”

“um dia ela disse que só tinha me contratado porque minha raça é forte e aguenta serviço”

“minha patroa queria que, todos os dias, eu esfregasse o quintal e a calçada com um escovão e cloro puro. Ela nunca me deu luvas. O cheiro era forte demais e chegava sair lágrimas dos olhos. Eu esfregava o chão até sangrar entre os dedos.”

“ela colocava veneno no quintal para matar os ratos e depois fazia eu pegar com as próprias mãos o rato para jogar fora.”

Jaha sofria cada dia de martírio de forma calada. A patroa a ameaçava: “olha, se você contar qualquer coisa para alguém, vou te perseguir, vou te fazer coisas horríveis”
Assim, Jaha prosseguiu em seu calvário durante 3 meses. Nunca relatou seu sofrimento ao marido ou à sua família.
Mas um dia, após chegar em casa do trabalho, estava no tanque lavando as roupas da família e chorando, pois já não aguentava mais essa situação. Suas mãos doíam e sangravam facilmente, pois a pele estava fina demais pela ação do cloro e da escova. Nesse momento sua mãe chegou para visitá-la e acabou descobrindo. Jaha não suportava mais esconder o que acontecia e contou tudo.
Jaha já não trabalha mais nesse lugar. O que restou? A dor física das mãos dilaceradas pela ação do cloro? As dores dos joelhos inchados por passar parte do dia esfregando o chão? A dor no estômago vazio pela fome que passava? O nojo de pegar ratos com as próprias mãos?
Não, tudo isso já não tem tanto peso. O que restou foi uma alma destruída, ferida profundamente.

Uma dor física jamais poderá ser comparada à dor emocional.

Hoje, Jaha precisa de ajuda psicológica e psiquiátrica. Chora copiosamente, sente tristeza e angústia. Foi muito machucada em sua dignidade de ser humano.
Sente medo e se esconde dentro de casa. Ainda acredita que a ex-patroa poderá lhe fazer algum mal.
Mas Jaha seguirá em frente. Vai renovar sua auto-estima e fortalecer a auto-confiança.
Jaha quer voltar a ser feliz.

Exatamente há 123 anos, no dia 13 de maio de 1888, era assinada a Lei Àurea, que abolia a escravidão no Brasil. Mas como sempre, as leis podem funcionar muito bem nos papéis e, na prática nem sempre funcionam.
Passado mais de um século do fim oficializado da escravatura ainda é possível notar que uma grande parte dos negros sofre consequências de uma época em que eram tratados de forma tão degradante.
Uma lei jamais será capaz de determinar sentimentos. Uma lei não consegue impor à cor da pele do indivíduo a forma que deve pensar a respeito de outros.
Os negros eram considerados sem alma, sem sentimentos. Eram tratados pior do que animais.
A história de Jaha é capaz de demonstrar que a abolição está inacabada. Os 123 anos ainda são insuficientes para acabar com preconceitos e racismos.
Muitas pessoas, em pleno 2011, ainda associam a cor da pele à capacidade do indivíduo. Ainda são capazes de ignorar qualquer tipo de sentimento ou emoção individuais.
Enfim, não bastam leis antiescravatura ou anti-racismo. É necessário que o ser humano compreenda que a cor de pele não o torna mais inteligente ou menos. A cor da pele não o torna mais ou menos importante. Seja negro, pardo, branco, amarelo, cinza, ou qualquer outra cor, terá sentimentos dentro de si.





segunda-feira, 9 de maio de 2011

A miséria de cada um

Hoje escutei essa frase: “meu trabalho permite que veja a miséria emocional de muitos”



Essa frase permite reflexões importantes acerca de nossas emoções.

Se você é ser humano já sentiu medo, raiva, vergonha, tristeza, alegria, angústia em alguns momentos de sua existência.

Obviamente, todos nos sujeitamos à dinâmica da vida, que nos conduz entre circunstâncias variadas no cotidiano.

Cada um reage a essas circunstâncias conforme aprendeu desde a infância, como parte de um aprendizado e formação de personalidade.

Alguns sofrem mais que outros, mesmo diante de situações semelhantes.

Mas o que difere?

Sem dúvida, a importância que damos a uma situação faz a diferença em nossas manifestações emocionais.

Administrar as emoções é saber determinar o valor de cada circunstância.

Se fizer de todo fato cotidiano uma dificuldade ou tempestade maior do que deveria, com certeza sofrerá, mais do que precisa.

Inegável que, em algumas ocasiões, nossas respostas emocionais serão proporcionalmente valiosas, como um verdadeiro mecanismo de defesa, permitindo-nos a sobrevivência.

Muitas vezes, o limite entre sanidade e adoecimento é tão tênue que mesmo quem sofre esse processo psíquico não se atenta para o fato.

Assim, o sofrimento emocional inicia sua trajetória contumaz, determinando a miséria particular de cada ser humano.

Cada um sabe a dor que sente e tem convicção de que é a pior possível a um ser humano.

A sua dor é a maior de todas, até que tropece no calo emocional de alguém e descubra que a dor é sempre algo individual.

Dor, seja física ou emocional, sempre será algo tão particular e impalpável quanto saber definir.

Enfim, a possibilidade do contato com o sofrimento alheio sempre nos possibilitará saber que, muito além de nossas misérias emocionais, há outras piores.

domingo, 1 de maio de 2011

Caminhada

Apenas mais uma reflexão.....


O que te leva mais distante?

As pernas ou a mente?


Nas nuvens que povoam os céus de nossa mente,

Formam-se sonhos das mais variadas formas.

Nessa vastidão mental,

Permita que seus sonhos conduzam seu corpo.