segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Meu avô já dizia....



Lembro-me, lá na minha infância, de meu avô paterno: "boca fechada não entra mosquito e não fala bobagem". Quem fala muito não ouve. As pessoas encontram uma dificuldade muito grande no silêncio. Parecem fugir de seus barulhos interiores. Basta observar duas pessoas em uma sala de espera. O silêncio torna-se algo constrangedor. Soa até como arrogância alheia, como algo ofensivo. Que se faz então? A opção mais óbvia: falar bobagens e futilidades. Começa, então, a disputa pelo ouvido alheio, afinal todo mundo quer ser ouvido.

Mas, o aprendizado do ouvir não se encontra na escola. Assim como, também, o que se pronuncia. 
Ouvir é muito bom. Oferece-nos oportunidades e aprendizagens incríveis. 

A vida tem que ser baseada em nossos 5 sentidos fundamentais, através dos quais conseguiremos aprender, filtrando o que nos faz evoluir como indivíduos. 




"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas."
Confúcio

domingo, 18 de outubro de 2009

Ao pé da lareira


INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

"A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida..."

Mário Quintana

O papel de Pedro


Pedro, quando criança, por causa de seu caráter impulsivo, tinha raiva à menor provocação ou palavra que fosse contrária aos seus desejos. Agia de forma explosiva, com gestos e ataques verbais, sem medir consequências de seus atos.
Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes se sentia envergonhado e esforçava-se por consolar a quem tinha magoado e pedia desculpas.
Um dia, seu professor o viu pedindo desculpas depois de uma explosão de raiva e entregou-lhe uma folha de papel lisa e disse: - amasse-a!
Sem compreender, Pedro obedeceu e fez com ela uma bolinha de papel amassada.
-- Agora - voltou a dizer o professor - deixe-a lisa como estava antes.
É óbvio que não havia possibilidade de deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel ficou cheio de pregas.
Então, disse-lhe o professor:
-- O coração das pessoas é como esse papel... a impressão que neles deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim, Pedro aprendeu a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sente vontade de estourar, lembra da folha de papel amassada.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO



“Minha mão está suja. Preciso cortá-la. Não adianta lavar. A água está podre. Nem ensaboar. O sabão é ruim. A mão está suja, suja há muitos anos.....Ai, quantas noites no fundo da casa lavei essa mão, poli-a, escovei-a... ..”(DRUMMOND – A Mão Suja).

Algum tipo de “mania” a maioria de nós tem. Algumas podem ser até engraçadas. Os costumes e hábitos cotidianos muitas vezes tornam-se rituais tão automatizados, repetidos inconscientemente, que nem ao menos nos damos conta. Entretanto, quando você sente-se impelido (diria praticamente forçado) em qualquer lugar que esteja, a ter comportamentos, muitas vezes extravagantes, repetidas vezes, acompanhados de pensamentos contra os quais não consegue lutar, que não saem de sua mente, podemos estar diante de uma doença chamada Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Pensamentos Obsessivos são idéias ou imagens desagradáveis que aparecem de maneira repetitiva e que a você não consegue se livrar. São idéias “entronas”, que geram sofrimento, medo e angústia por não se conseguir tirá-las de si. Por sua vez, as Compulsões são padrões de comportamentos repetitivos, em geral “bobos”, impossíveis de se evitar, mesmo achando um absurdo. Há casos em que a pessoa ou alguém próximo tem que contar até determinado número (7; 33; 100) “para evitar um acontecimento”. Em outras situações verifica incansavelmente se deixou portas e janelas fechadas, se o fogão ou ferro de passar roupa estão desligados. Mesmo tendo constatado o fato, volta a fazer, ou repete várias vezes. Em outros casos, são comuns vários banhos ao dia ou lavar as mãos frequentemente (até mesmo com álcool) devido a pensamentos obsessivos de contaminação. Há o medo de sofrer de alguma doença contagiosa, ou de qualquer outra doença. E embora possa pensar o quão absurdo possam ser seus medos, não consegue deixar de se comportar de tal maneira, pois é algo mais forte que você. Os primeiros sintomas costumam aparecer na adolescência (20% podem iniciar na infância) e início da idade adulta (60% dos casos antes dos 25 anos), sendo ligeiramente mais freqüente em mulheres. Acomete em torno de 2 a 3% da população mundial. As causas de TOC são ainda desconhecidas, acreditando-se ser decorrente da combinação entre fatores genéticos, ambiente externo, situações de estresse e personalidade. Por essa complexidade, o tratamento deve ser feito através de medicamentos, dentre os quais antidepressivos, que podem corrigir o desequilíbrio neuroquímico cerebral e a psicoterapia atuando sobre os pensamentos distorcidos. É importante ressaltar que nem todos os nossos hábitos, costumes ou “manias” devam ser considerados como doença, pois só podemos falar em TOC, quando essas “manias” geram sofrimento e mal-estar, atrapalham a rotina da pessoa e de quem está próximo (em casa ou no trabalho). O maior problema, geralmente, é que o portador do TOC só procura ajuda, no momento em que a doença incomoda demais. Não assume facilmente o transtorno, deixando que a situação chegue ou ultrapasse os limites. Não é incomum ouvir: “mas eu só sou organizado, mas eu só consigo fazer assim...”, não vendo doença em seus atos.


Vale conferir o filme: “Melhor é impossível”

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Crescimento Pessoal


Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de rara beleza .

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.


Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.


Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “já se foi”.


Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.

Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.


O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.


Mas ele continua o mesmo.


E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: “lá vem o veleiro”.


Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.


A vida oferece mudanças espetaculares, permitindo-nos o crescimento e evolução individual.

De idas e vindas.
Cada um tem sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.


Assim, o que para uns parece ser a perda, para outros é evolução.

A vida é feita de trocas.






terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bon appétit mon ami



 Um viajante resolveu passar algumas semanas num mosteiro do Nepal.
Certa tarde, entrou num dos muitos templos do mosteiro, e encontrou um monge, sorrindo, sentado no altar.
-- Por que o senhor sorri ? - perguntou ao monge.
-- Porque entendo o significado das bananas - disse o monge, abrindo a bolsa que carregava, e tirando uma banana podre de dentro.
-- Esta é a vida que passou e não foi aproveitada no momento certo, agora é tarde demais.
Em seguida, tirou da bolsa uma banana ainda verde.
Mostrou-a e tornou a guardá-la.
-- Esta é a vida que ainda não aconteceu, é preciso esperar o momento certo - disse.
Finalmente, tirou uma banana madura, descascou-a, e dividiu-a com meu amigo, dizendo :
-- Este é o momento presente.
-- Saiba deliciá-lo, sem medos.

Não é a cor do invólucro



 Um velho homem vendia balões numa quermesse.
Para atrair compradores, o homem deixou um balão vermelho soltar e elevar-se nos ares.
Perto dali, a observar, havia um menino negro, apreciando com encanto os balões.
Depois de soltar o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e finalmente um branco.
Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguia cada um, sem ao menos piscar.
Ficava imaginando mil coisas, mas tinha algo que o aborrecia: o homem não soltava o balão preto.
Então aproximou-se do vendedor e lhe perguntou :

-- Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros ?
 O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse :
 -- Não é a cor do invólucro, filho, isso é só tinta por fora!
-- É o que está dentro que faz a diferença.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quem tem juízo?




O mais esperto dos homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por mês, no mínimo, chama a si mesmo asno..., coisa que hoje em dia constitui uma raridade inaudita. Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de fato; mas hoje... nada disso. E a tal ponto tudo hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.
Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: 

«Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo». 
Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicômio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo.
«X endoideceu...; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». 
Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.


Fiodor Dostoievski - Diário de um Escritor

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Revoada




"Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo"
--Mário Quintana

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A imensa alegria de servir



Toda natureza é um anelo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco.
Onde houver uma arvore para plantar,



planta-a tu;
onde houver um erro para corrigir,
corrige-o tu;
onde houver uma tarefa que todos recusem,
aceita-a tu.



Sê quem tira
a pedra do caminho,
o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.



Há a alegria de ser sincero e de ser justo;
há, porém, mais que isso,
a imensa alegria de servir.



Como seria triste o mundo
se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!



Não te seduzam as obras as obras fáceis.
É belo fazer tudo
que os outros se recusam a executar.



Não cometas, porém, o erro
de pensar que só tem merecimento executar
as grandes obras;
há pequenos préstimos que são bons serviços:
enfeitar uma mesa.
arrumar uns livros.
pentear uma criança.
Aquele é quem critica,
este é quem destrói,
sê tu quem serve.



O servir não é próprio dos seres inferiores:
Deus, que nos dá fruto e luz,
serve.
Poderia chamar-se: o Servidor.
e tem seus olhos fixos em nossas mãos
e nos pergunta todos os dias:
- Serviste hoje?





Gabriela Mistral, poetisa chilena (1889-1957 )

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A intensa intenção de ser



“ Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. 

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Luz que há em nós



 Chegou o dia em que o fósforo disse à vela:
-- Eu tenho a tarefa de acender-te.
Assustada a vela respondeu:
-- Não, isto não! Se eu estou acesa, então os meus dias estão contados. Ninguém vai mais admirar a minha beleza.
O fósforo perguntou:
-- Tu preferes passar a vida inteira, inerte e sozinha, Sem ter experimentado a vida?
-- Mas queimar dói e consome as minhas forças, sussurrou a vela insegura e apavorada.
-- É verdade, - respondeu o fósforo - Mas é este o segredo da nossa vocação. Nós somos chamados para ser luz! O que eu posso fazer é pouco. Se não te acender, eu perco o sentido da minha vida. Eu existo para acender o fogo. Tu és uma vela: tu existes para iluminar os outros, para aquecer. Tudo o que tu ofereceres através da dor, do sofrimento e do seu empenho será transformado em luz.. Tu não te acabarás consumindo-te pelos outros. Outros passarão o teu fogo adiante. Só quando tu te recusares, então morrerás!
Em seguida, a vela afinou o seu pavio e disse cheia de expectativa:
-- Eu te peço, acende-me.

domingo, 4 de outubro de 2009

Cada um na sua concha


Um pequeno caracol que vivia perto do oceano notou com inveja a grande e bonita concha em que a lagosta vivia.
-- Que maravilhoso palácio a lagosta carrega em suas costas! Eu desejaria viver em seu lugar -- lamentou o pequeno caracol.
-- Oh, como meus amigos me admirariam nesta concha!
De repente, algo aconteceu. O invejoso caracol viu a lagosta deixar sua concha para desenvolver-se em outra, maior. Ao ver a concha da lagosta, vazia e abandonada na praia, o caracol pensou:
-- Agora meu desejo será realizado.
E ele proclamou a todos os seus amigos que agora iria morar em um majestoso palácio. Os pássaros e os animais então assistiram o caracol soltar-se de sua pequena concha e orgulhosamente rastejar para a concha da lagosta. Ele soprou, bufou, tornou a soprar até perder o fôlego esforçando-se para adaptar-se à nova concha. De nada adiantou porque era muito pequeno para ajustar-se dentro da concha da lagosta. Ele só parou de tentar quando se viu completamente exausto. Aquela noite ele morreu porque a concha grande e vazia estava muito fria.
Um velho e sábio corvo disse, então, para os corvos mais jovens:
-- Prestem atenção! é este o resultado da inveja. O que vocês têm é o bastante. Sejam vocês mesmos e livrem-se de problemas. É melhor ser um caracol em sua pequena concha confortável do que ser um pequeno caracol em uma concha grande e congelar até a morte