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sábado, 2 de maio de 2009

O Cisne Negro

Cárcere das almas

"Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,soluçando nas trevas, entre as grades do calabouço olhando imensidades,Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza quando a alma entre grilhões as liberdades sonha e sonhando, as imortalidades rasga no etéreo espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas nas prisões colossais e abandonadas, da dor no calabouço atroz, funéreo!Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!"


Cruz e Souza

João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.
Sofreu uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido, após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.
Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar.
Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.


Van Gogh ( Café Noturno na Place Lamartine, em Harles )
....em que ele descreve sua pintura da seguinte forma: "Tratei de expressar com o vermelho e o verde as terríveis paixões humanas(...) o café é um lugar onde as pessoas podem se arruinar, enlouquecer, ou cometer um crime".


"Há loucuras que, como as noites polares, se transformam em verdadeiras auroras boreais reveladoras da mais perfeita lucidez e são a ponte mágica de cristal e azul sobre a qual emigramos do gólfão infernal da Terra para as alvoradas de ouro de um ideal."

Cruz e Souza

Ouvindo o inaudível...


Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande mestre, com oobjetivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta.Retornando ao templo, após um ano, o mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir.

Então disse o príncipe:"Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus..."

E ao terminar o seu relato, o mestre pediu que o príncipe retornasse a floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu a ordem do mestre, pensando :"não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta..."Por dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo alem daquilo que havia dito ao mestre. Porém, certa manha, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam.Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou : "esses devem ser os sons que o mestre queria que eu ouvisse..."E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou ao templo, o mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir.

Paciente e respeitosamente o príncipe disse :-- Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das floresse abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite...

O mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:-- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa.Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender as reais necessidades de cada um. A morte de uma relação começa quando as pessoas ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem se atentarem no que vai no interior das pessoas para ouvir os seus sentimentos, desejos e opiniões reais.


É preciso, portanto, ouvir o lado inaudível das coisas, o lado não mensurado, que tem grande valor, pois é a alma do ser humano falando.....

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Alma Humana


"A alma humana é um manicômio de caricaturas....
Se uma alma pudesse revelar-se com verdade e nem houvesse um pudor mais profundo que todas as vergonhas conhecidas, definidas seria, como dizem, da verdade o poço. Mas um poço sinistro, cheio de ecos vagos, habitado por vidas ignóbeis, viscosidades sem vida, lesmas sem ser. Ranho da subjetividade.
Eis a alma."

Fernando Pessoa