“O conhecimento intelectual é apenas um papel. Só transmite confiança aquele que sabe o que fala e vive o que diz” - Hermann Hesse
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Um conto árabe fala que uma vez existiu um ancião muito sábio. Tão sábio que todos diziam que se podia ver a sabedoria em seu rosto. Certo dia, ele decidiu fazer uma viagem de barco.
Na mesma embarcação viajava um estudante. O jovem era arrogante e mantinha um ar de superioridade. Quando soube da presença do sábio, foi ao seu encontro.
- O senhor tem viajado muito? – perguntou o jovem.
O ancião respondeu que sim.
- E o senhor esteve em Damasco? – voltou a perguntar.
O ancião lhe falou das estrelas que podiam ser vistas da cidade, do belo entardecer, de sua gente. Descreveu os cheiros, o barulho do comércio... e, enquanto falava, o estudante o interrompeu:
- Já percebi que esteve lá, mas estudou na escola de astronomia?
O ancião disse que não. O jovem se surpreendeu e exclamou:
- Então o senhor perdeu meia vida!
O ancião deu de ombros enquanto o jovem continuava falando.
- Já esteve em Alexandria?
O ancião então falou sobre a beleza da cidade, de seu porto e do seu farol, das ruas abarrotadas, de sua tradição...
- Sim, vejo que esteve lá – interrompeu o jovem -, mas... estudou na biblioteca de Alexandria?
O ancião voltou a negar com a cabeça e o jovem exclamou:
- Então o senhor perdeu meia vida!
O sábio ancião não disse nada, mas, depois de um tempo, viu que no outro lado do barco começava a entrar água. Olhou para o jovem e perguntou:
- Estudou em muitos lugares, não é?
O estudante enumerou uma quantidade de escolas e bibliotecas que parecia não ter fim. Quando se calou, o ancião perguntou:
- Em algum desses lugares aprendeu a nadar?
O estudante repassou as dezenas de matérias que tinha cursado nos diferentes locais, mas nenhuma era natação.
- Não – respondeu.
O ancião se levantou e subiu na boda do barco. Antes de se lançar ao mar, disse:
- Pois então perdeu a vida inteira.
Nenhuma escola formal nos ensina o que, de fato e essencial, necessitamos saber para viver com qualidade: sofrendo menos, promovendo o próprio bem estar, enfrentando as dificuldades da vida profissional e construir um sentido para a vida. Esta é uma missão pessoal e cada um fará conforme a sua vontade e as circunstâncias. Cada um deve buscar ser o mestre de si mesmo e procurar aprender o que é fundamental para viver bem, uma vida interessante e produtiva. Lembrando que a vida é uma medida de tempo, limitada e efêmera, e, não temos o luxo da eternidade.
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