"Tudo quanto de desagradável nos sucede na vida - figuras ridículas que fazemos, maus gestos que temos, lapsos em que caímos de qualquer das virtudes - deve ser considerado como meros acidentes externos, impotentes para atingir a substância da alma.
Tenhamo-los como dores de dentes, ou calos da vida, coisas que nos incomodam mas são externas ainda que nossas, ou que só tem que supor a nossa existência orgânica ou que preocupar-se o que há de vital em nós.
Quando atingimos esta atitude, que é, em outro modo, a dos místicos, estamos defendidos não só do mundo mas de nós mesmos, pois vencemos o que em nós é externo, é outrem, é o contrário de nós e por isso o nosso inimigo.
Disse Horácio, falando do varão justo, que ficaria impávido ainda que em torno dele ruísse o mundo.
A imagem é absurda, justo o seu sentido. Ainda que em torno de nós rua o que fingimos que somos, porque coexistimos, devemos ficar impávidos - não porque sejamos justos, mas porque somos nós, e sermos nós é nada ter que ver com essas coisas externas que ruem, ainda que ruam sobre o que para elas somos.
A vida deve ser, para os melhores, um sonho que se recusa a confrontos."
Tenhamo-los como dores de dentes, ou calos da vida, coisas que nos incomodam mas são externas ainda que nossas, ou que só tem que supor a nossa existência orgânica ou que preocupar-se o que há de vital em nós.
Quando atingimos esta atitude, que é, em outro modo, a dos místicos, estamos defendidos não só do mundo mas de nós mesmos, pois vencemos o que em nós é externo, é outrem, é o contrário de nós e por isso o nosso inimigo.
Disse Horácio, falando do varão justo, que ficaria impávido ainda que em torno dele ruísse o mundo.
A imagem é absurda, justo o seu sentido. Ainda que em torno de nós rua o que fingimos que somos, porque coexistimos, devemos ficar impávidos - não porque sejamos justos, mas porque somos nós, e sermos nós é nada ter que ver com essas coisas externas que ruem, ainda que ruam sobre o que para elas somos.
A vida deve ser, para os melhores, um sonho que se recusa a confrontos."
Fernando Pessoa - O Livro do Desassossego
4 comentários:
Fernando Pessoa é Incrível!!!
Obrigada pelo selo Psiqui. Agradeço o carinho.
Abraço
MAIS UMA LIÇÃO, E ESTA A GENTE NÃO PODEMOS EVITAR, PORQUE POR MAIS QUE SE TENTE FUGIR HAVERÁ SEMPRE ALGUÉM QUE NOS METE NESTES CONFLITOS .
AINDA HOJE EU TIVE VONTADE DE FECHAR OS OLHOS E, VOLTAR A ABRI-LOS TALVEZ DAQUI POR UM ANO, OU DOIS, MAS COM MUITO SOFRIMENTO E DESILUSÃO.LÁ VOU DANDO A VOLTA POR CIMA NEM SEI ATÉ QUANDO.
BEIJINHO AMIGO E TENHA O SANTO DOMINGO.
O grande Fernando Pessoa!!!
Sempre muito inspirado. A vida é coisa complicada. Manter a serenidade ante tempestades à nossa volta requer uma força interior muito forte; auto-conhecimento e auto-aceitação em dia, pois como ser ou ficar impune ante agressões do dia-a-dia.
Meu amigo,
um abraço,
Jorge
Olá querido.
muito obrigada pelo selo. Te ofereço o selo "MASTER BLOG" , com todo meu carinho e admiração.
Bjs,
Cibele
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