quinta-feira, 30 de abril de 2009

Qual é sua máscara?

"Do mesmo modo que os atores põem uma máscara, para que a vergonha não se reflita nos seus rostos, assim entro eu no teatro do mundo - emascarado."





René Descartes




A máscara
A primeira máscara da qual se tem registro está gravada na caverna labirinto de Trois Feres, em Ariege, nos Pirineus, descoberta em 20 de julho de 1914. A imagem rupestre do feiticeiro barbudo, cujas pernas são humanas e braços de urso, como um xamã antropozoomórfico, usava uma máscara de cervo, presidindo um ritual de cura e caça, associado à fertilidade.
O termo máscara tem origem controversa, pois para alguns procede do italiano maschera. Originalmente estaria relacionada ao baixo latim mediterrâneo masca, significando “demônio, bruxa ou feiticeira”. Para outros o termo introduziu-se na Itália a partir de invasões árabes, sendo corruptela de mashara, significando “personagem bufão”, derivado do verbo sahir, que quer dizer “ridicularizar”.
A função religiosa, na África, por exemplo, presidindo cerimônias de cultivo e semeadura, assim como ritos iniciáticos e funerários, conservando o sentido primordial: homem que envergue a máscara do crocodilo é o espírito do crocodilo - a máscara manifesta a divindade e transmite ao portador todo o seu poder. Essas máscaras não representavam faces normais, mas sim exageradas. Normalmente era de madeira, cobre ou marfim. Estes aspectos foram-se esquecendo paulatinamente em outras culturas.












Quando passa para o teatro, foi o espírito sagaz, de senso estético do grego, o principal responsável pela primeira grande transformação no uso das máscaras, inovando o teatro. Faziam, assim, tragédia e comédia reavivando a mitologia.
Há muitas máscaras, tantas quantas as ocasiões e os destinos. Da máscara anti-gás à usada pelo apicultor, da máscara em fotografia à de simples adorno, da máscara de oxigênio à de beleza, o seu uso é muito extenso no tempo e

no espaço.






De fato, todos vestimos personas, em um processo de auto-conhecimento, no exercício de revelar nosso ego. Isto porque, forçosamente, para estabelecermos contato com o mundo exterior, personificamos o que nem sempre corresponde à nossa real essência. Sob esse prisma, a persona encarna a metáfora da fixidez da máscara do ator, que no decorrer de sua encenação, desenvolve o papel que lhe cabe. Sob a máscara tudo se oculta - o Bem e o Mal. A máscara intermedia as relações humanas, funcionando, até certo ponto, como mecanismo de defesa. Tanto usam máscara o Zorro e o Super-man, como os ladrões e os terroristas. Realmente, todos usamos máscaras. Sorrimos quando nos dão uma bofetada, choramos para obtermos o que pretendemos, mostramos os “nossos mísseis” para paralisar de medo o “inimigo”, A máscara é uma arma que pode ser usada para defesa ou ataque.

A máscara da nossa própria cara, a PERSONA é a que a vida em sociedade exige.
"Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (...)Quando quis tirar a máscara estava pegada à cara"
Fernando Pessoa

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